Um lugar
Todas as vezes que viajo, quando volto, a pergunta é inevitável: de que mais gostou? Nunca soube responder, até agora. Essa última viagem está sendo uma exceção. Eu já saí daqui sabendo. O nome é Peulla. Pronuncia-se Peuja.
Peulla não é uma cidade grande e muito menos pequena. Não é uma montanha e muito menos um rio ou um lago. Nem mesmo um vulcão adormecido. Peulla é apenas um lugar. Dois hotéis, um temporariamente fechado. Mais ou menos trezentas pessoas vivem por ali e as que não moram nos hotéis se espalham por pequenas casas isoladas. Uma fazenda onde se cria animais interessantes: llama e alpaca, que comem em sua mão (não na minha), perus, galinhas e avestruzes, veados e cervos, javalis, cavalos. Um posto da aduana regulando a vizinhança entre Chile e Argentina, dois países muito amigos que vivem arreliando um ao outro, uma escola primária, um posto de saúde. Um lago e um céu estrelado na noite gélida de primavera. Montanhas cobertas de neve. Vulcões.
Eu podia ficar o dia inteiro olhando o lago Esmeralda (Todos os Santos) que eu teria ficado feliz do mesmo jeito. Mas me ofereceram opções. Pular de árvore em árvore, por exemplo, como uma macaca. Ou percorrer as corredeiras em um frágil barquinho. Ou cavalgar pelas montanhas entre as árvores. Mas escolhi sair para conhecer o Parque em um 4x4. Foi a escolha certa.
Éramos sete, incluindo um condutor de barcos e um guia, um jovem nativo. Uma jovem da República Dominicana. Duas senhoras inglesas, uma que se parecia com minha amiga Maria Neusa e outra com Lady Camila. E nós, Dudu e eu.
Atravessamos longos caminhos, cruzamos rios, trocamos o 4x4 por um barco e entramos no Vale Encantado.
Foi então que o barco parou, os motores foram desligados e nos foi proposto por algum tempo a contemplação silenciosa. Quanto tempo? Não sei. Uma hora, cinco minutos, que importância pode ter isso? Foi a eternidade. O silêncio cortado pelo vento gelado e pelas vozes da natureza. Um momento de transcendência que eu não trocaria por nada. Um daqueles momentos em que a gente tem certeza que a vida vale à pena ser vivida.
Da série viajando por ali e aqui -38 - Crônicas Andinas 2
Todas as vezes que viajo, quando volto, a pergunta é inevitável: de que mais gostou? Nunca soube responder, até agora. Essa última viagem está sendo uma exceção. Eu já saí daqui sabendo. O nome é Peulla. Pronuncia-se Peuja.
Peulla não é uma cidade grande e muito menos pequena. Não é uma montanha e muito menos um rio ou um lago. Nem mesmo um vulcão adormecido. Peulla é apenas um lugar. Dois hotéis, um temporariamente fechado. Mais ou menos trezentas pessoas vivem por ali e as que não moram nos hotéis se espalham por pequenas casas isoladas. Uma fazenda onde se cria animais interessantes: llama e alpaca, que comem em sua mão (não na minha), perus, galinhas e avestruzes, veados e cervos, javalis, cavalos. Um posto da aduana regulando a vizinhança entre Chile e Argentina, dois países muito amigos que vivem arreliando um ao outro, uma escola primária, um posto de saúde. Um lago e um céu estrelado na noite gélida de primavera. Montanhas cobertas de neve. Vulcões.
Eu podia ficar o dia inteiro olhando o lago Esmeralda (Todos os Santos) que eu teria ficado feliz do mesmo jeito. Mas me ofereceram opções. Pular de árvore em árvore, por exemplo, como uma macaca. Ou percorrer as corredeiras em um frágil barquinho. Ou cavalgar pelas montanhas entre as árvores. Mas escolhi sair para conhecer o Parque em um 4x4. Foi a escolha certa.
Éramos sete, incluindo um condutor de barcos e um guia, um jovem nativo. Uma jovem da República Dominicana. Duas senhoras inglesas, uma que se parecia com minha amiga Maria Neusa e outra com Lady Camila. E nós, Dudu e eu.
Atravessamos longos caminhos, cruzamos rios, trocamos o 4x4 por um barco e entramos no Vale Encantado.
Foi então que o barco parou, os motores foram desligados e nos foi proposto por algum tempo a contemplação silenciosa. Quanto tempo? Não sei. Uma hora, cinco minutos, que importância pode ter isso? Foi a eternidade. O silêncio cortado pelo vento gelado e pelas vozes da natureza. Um momento de transcendência que eu não trocaria por nada. Um daqueles momentos em que a gente tem certeza que a vida vale à pena ser vivida.
Da série viajando por ali e aqui -38 - Crônicas Andinas 2