CRÔNICA #032 - LUZ DE PICOLÉ - Bucólico
Quando eu tinha uns 6 anos (1957) na região do Cariri contavam-se as geladeiras que havia. Só mesmo nas sorveterias que seriam umas 3 apenas, uma em Barbalha, outra em Juazeiro do Norte e outra em Crato, ao sul do Ceará. Geladeiras domésticas teriam menos de uma dúzia em toda a região. E eram a querosene.
A saudade que relato é de um picolé de abacaxi, o primeiro que sorvi em minha vida. Tinha um sabor muito especial que até hoje não consegui encontrar outro igual. Ele era de forma cilíndrica e isso marcou muito a minha infância.
Quando a CELCA (Companhia Elétrica do Cariri) trouxe a luz elétrica para a Região do Cariri, surgiu aquela piada: “Sabia o grande espanto do momento? Dois homens vão dar a luz”. Respondiam as pessoas, “Deixa de brincadeira! Isso vai ser o FIM DO MUNDO!”. Então perguntavam: “E quem são eles:?” Resposta: “Paulo e Afonso”, referindo-se a origem da energia elétrica que procedia da CHESF na Cidade de Paulo Afonso – BA.
Algumas casas instalaram lâmpadas fluorescentes, mas para nós, as crianças de minha casa, eram mesmo luzes de picolé, dada a semelhança com o saudoso picolé de abacaxi.
Tania Mara
Que lindo poetar Bosco, belos sentimentos em formas específicas
de ver e sentir a novidade da ocasião e tê-la trazido com tal
profundidade, neste caso, estão ai os sentimentos capazes de nos
emocionar, de tocar a nossa alma. Que delicia de picolé esse com
tão saboroso gosto de infância com sabor de abacaxi poeta
querido. Dá gosto de ler!
Um lindo fim de semana. Abraço Carinhoso, Taninha