GOSTAR DE ALGUÉM POR NADA.
(Para uma segunda feira)
Viver é simples. Ser feliz custa pouco, quase nada. Tudo fica complexo quando o egoísmo entra em cena. A simplicidade da vida está em vivê-la com tudo que ela nos oferece alhures. Ser simples é o naco da felicidade que permite fotografar cada momento, com as câmeras do sentimento. Cada flash feito com os olhos do coração, certamente dilui o egoísmo que nos cerca.
A natureza nos dispõe o sol, a chuva, o sereno. A noite, o dia, o mar, os rios, o calor e o frio, também se encontram ao nosso dispor. O universo se descortina em nossa frente, convidando-nos ao seu banquete. Nós, humanos, suprema criatura da natureza, nem sempre rompemos as barreiras do egoísmo para concretizar a paz interior que o mundo precisa.
Viver é simples. Complica-se quando queremos ditar aos outros nossas receitas de vida. A tolerância está minguando em nossos dias. A contrapartida disto é o aumento da violência que tanto nos tira a paz e frustra nossos anseios de felicidade.
A suprema felicidade humana é o encontro com o outro. Encontrar o outro se reveste de complexas formas que a humanidade ainda não alcançou na sua totalidade, graças ao egoísmo. Não adianta querer alguém. Só quer alguém quem precisa de algo? Geralmente tem sido assim, mas o amor não se constrói na precisão: precisamos não precisar de ninguém para, inteiros, convivermos com a pessoa que nos escolheu, por nada, para a vida. A escolha da pessoa que buscamos tem que ser por nada. Pois assim, quando um passar pelo outro no adeus, a vida segue naturalmente.
Vier é simples. Como simples é um café com pão; um bolinho de bacia; um gesto da pessoa amada. Querer alguém por alguma coisa desenvolve o circulo vicioso do consumo que nos dá a sensação de que não nascemos para o amor, mas para a troca... Esta, facilita a usura e isto é contra o amor.
A felicidade parece residir na contramão do socialmente estabelecido. Nunca deixamos de ter pessoas por perto que nos ofertam receitas prontas de felicidade; essas pessoas nunca sentiram essa ventura que é gostar de alguém por nada.