E se a moda Fosse Zeca Baleiro e não o Restart?
Meu amigo Ted publicou ontem em seu blog (www.blogdotede.wordpress.com) um texto que relata como ele, estoicamente, pôs-se a ouvir um CD do Restart para poder criticá-lo (ou não) de maneira mais embasada. Olha, confesso... cabra de peito esse Ted. Eu não conseguiria, pois teria medo de, sei lá, sofrer de convulsão ou, bate na madeira, toc-toc-toc, até uma embolia.
Nesta toada, o Ted deixou um comentário em uma das dicas de música que postei no meu blog (www.cronicasdobeto.blogspot.com): 'Bola Dividida', cantada por Zeca Baleiro. Escreve o Ted no comentário: “E se a moda fosse Zeca Baleiro e não o Restart?”
Isso mesmo, o título desta crônica é do Ted... e espero que ele não me cobre direitos autorais. Pensando nisso, achei que poderia fazer um exercício reflexivo sobre a indubitável indagação do meu amigo. Portanto, e se a moda fosse Zeca Baleiro e não o Restart?
A Dilma possivelmente não se tornaria presidente do Brasil.
Pernambuco não teria 60% de analfabetismo absoluto.
As raias da piscina do Pan Rio 2007 não teriam custado R$ 15.000 sem que ninguém protestasse.
Érico Veríssimo seria mais lido que Paulo Coelho.
Tiririca não seria aceito por um partido político (o PR – Partido da República) como candidato.
Melhor: Tiririca não teria cerca de 3 milhões de intenções de voto, segundo pesquisas.
O Domingão do Faustão mostraria Zeca Baleiro ao vivo e, assim, quem sabe, eu assistisse, uma vez na vida, o ex-gordo.
Os índices de leitura no país seriam melhores.
Não veríamos retardadas de 12 anos chorando no Youtube porque não conseguiram entrar no show do Restart.
Não veríamos, no mesmo vídeo do youtube, retardadinhos de 12 anos dizendo que vão “xingar ‘moooito’, no Twitter”, o Restart.
Teríamos, chegando à moda na cola de Zeca Baleiro, Lenine, Céu, Teresa Cristina, Roberta Sá, Casuarina, entre tantos outros talentos que vivem encobertos, em vez de termos o lixão de Latino, Tati Quebra-Barraco, Cine, Fresno, e toda sorte de bosta que este país produz e que adolescentes incautos e estúpidos teimam em ouvir sem questionar.
Talvez tivéssemos mais pesquisa científica nas universidades, pois os calouros não chegariam com os cérebros virados em mingau.
Não veríamos prêmios e mais prêmios de música dados pela televisão brasileira irem parar na mão de músicos inúteis, letristas enfadonhos e compositores pobres e óbvios.
Aliás, verdadeiros talentos chegariam a receber tais prêmios, pois não teriam seu brilho ofuscado pelas luzes artificiais da nova categoria que se instalou na cultura tupiniquim: as novas, porém planejadas, celebridades filhas de artistas famosos. Neste mundinho estão: Fiuk, Preta Gil, Sandy e Júnior, Wanessa Camargo... e mais um bando de porcaria que não lembro no momento!
Enfim, se neste país a moda fosse o Zeca Baleiro (ou alguns de seus pares) e não o Restart, quem sabe tivesse alguém que merecesse meu voto neste domingo... mas, infelizmente, vai ser, em todos os níveis de governo, nulo na cabeça.