Exercendo meus direitos
A constituição garante o seu direito de permanecer em silêncio! É, (você mesmo) fique calado. Seja mais um manipulado pacífico. Não há nada no mundo que me dê mais satisfação do que ser manipulado. Como é lindo o meu direito de exercer a cidadania. É, estou revoltado. Podia estar fazendo qualquer coisa que eu quisesse, mas não, tenho que acordar cedo na porra do domingo e EXERCER a minha cidadania! Exercer de (palavrão) é (outro palavrão).
“Do que me adianta, viver na cidade, se a felicidade não me acompanhar”. Dos ditos do clássico sertanejo eu revolvo o meu lixo interno e exponho minha insatisfação. Eu queria pegar um por um daqueles cretinos que divulgam que, votar é exercer a cidadania, e instaurar uma nova lei: “dar o seu (o primeiro palavrão) é obrigatório! Exerça a sua cidadania e dê consciente!”
Quanta hipocrisia, quanta safadeza, quanta manipulação e ninguém vê?! É impressionante observar o quanto as pessoas se divertem com essa loucura. Os (manipulados) eleitores apóiam pessoas que eles nunca, sequer, estiveram presentes em suas vidas e, pior de tudo, defendem com unhas e dentes aqueles malditos manipuladores. Quanta ‘tosquidão’ eu não tive quer ver e suportar. Quanto tempo eu não tive que ficar em pé esperando na fila maldita de domingo? (E olha que era totalmente voluntário, eu queria MUITO estar alí) Quantos minutos não foram gastos no maldito transito para ir e para voltar? O pior, e que acentuou a minha revolta foi: o que eram aqueles malditos cartazes explicativos??? Um deles era alguma coisa assim:
“Agora você pode votar para presidente, e outro ‘canalha corruptivo’ qualquer, fora de zona eleitoral. Chama-se voto transitório...” Que merda é essa? Eu li isso e meu cérebro decodificou: “Agora, otário, você pode ter o direito (leia-se: obrigação) de se ferrar tendo que votar até nas suas férias (ou seja lá o que você estava fazendo para se safar dessa). Isso se chama voto introdutório!!!”
Fala sério! Uma enganação atrás da outra. Não sei a ordem dos fatores mas, tivemos que saber votar com dezesseis anos, votar até os setenta anos (exercer a cidadania, lembrem-se sempre dessas palavras) – e foda-se se você é doente, pra isso existe a justificativa... ah é, você tem que ir no ‘puteiro’ eleitoral do mesmo jeito pra poder fazer isso – temos também o voto dos índios, e olha que coisa mais benéfica para os aborígines, não?! E é voto que não acaba mais. Tudo obrigatório (exercer a cidadania) do jeito que você contava que fosse. Agora me diz: por que é que um adolescente de dezesseis anos não pode tirar carteira de motorista, mas tem a opção do voto? (grandes merdas) Vai falar que ele pode matar mais gente dirigindo um carro do que elegendo um canalha???
Entre tantas patacoadas e imbecilidades, eu fui votar, por livre e espontânea vontade (exercendo a cidadania) e passei as minhas muitas horas até que conseguisse, por fim, sentar naquela cadeira de frente para a urna (e não manipulada) eletrônica! (Como se esse sistema de processamento de dados fosse incorruptível) Digitei os meus vários zeros e confirmas e terminei anulando todos os votos. Agora, se posso dizer que alguma coisa nisso tudo pra mim fez sentido, digo: tirei o peso do mundo de minhas costas! Anulei com o maior orgulho que, um dia, eu já pudesse ter sentido. E termino desabafando: vai obrigar a (nome pejorativo) que pariu, a exercer a cidadania!!! Malditos manipuladores.