Eu me lembro...

Cavando um espaço no agito do "já" final de ano, faço uma postagem nos moldes da querida Lena, cuja infância me faz lembrar a minha.
 
Dos meus 8 anos, eu me lembro...
 
...de uma colega, a Egle, ter fundado um “clubinho” que funcionava na hora do recreio. Para entrar na reunião tínhamos que dizer uma senha: “piano, piano se vá lontano” (se é que se escreve assim!). Foram as primeiras palavras que aprendi em italiano, mas não tinha a menor idéia do que significavam. A atividade máxima do clubinho era sentarmos no chão, em círculo, para degustar as bolachas e chocolates com que a Egle presenteava os seus sócios! Logo depois alguns meninos ficaram com “inveja” e fundaram um clube rival, que tinha brincadeiras mais agressivas, por ser masculino. Você também fez parte de algum "clubinho", na infância?
 
... do dia em que a D. Cedina, zeladora da escola, começou a fazer pastéis e sucos (de cenoura e beterraba) para vender no recreio. O problema é que eu era ultra “dura” e nunca recebia dinheiro para levar à escola. Então a alegria durou só o primeiro mês, ou semana, enquanto eu pude comprar “na caderneta”. Quando tive que arranjar o dinheiro para pagar a conta – que dificuldade pra falar com minha mãe! – resolvi que nunca mais ia comer pastel!
 
... de ter ido passar uma tarde na casa de uma colega, Eva. Sua família era tcheca e tinha alguns hábitos diferentes dos nossos – inclusive o almoço, que teve pra mim sabores especiais. Mas de tudo que conheci na casa dela o que mais me surpreendeu foi que ela tinha – aos 8 anos – autorização da mãe pra brincar em cima do telhado – ou laje – da garage. Colocava uma escada encostada na parede e subia. Pra mim foi o supra-sumo da ousadia.
 
... de um aniversário meu comemorado no Wagon Wheel, primeira lanchonete “americana” que surgiu em S. Paulo. Seis colegas minhas foram. O mais legal foi que nossos pais nos deixaram lá sozinhas e depois foram nos buscar ao final. Naquele tempo era possível fazer isso!
  
... uma aula em que a D. Julieta nos mostrou utensílios de índios e que a maior surpresa – e também decepção – foi um ralador de mandioca feito de diamantes. A expectativa foi bem maior que a realidade: não tinha a menor aparência de diamante, era bruto.
 
... das festinhas que a nossa professora, D. Luzia, organizava, em que cada um tinha que levar um prato de alguma coisa “gostosa”. A maior bronca é que quase todo mundo levava um pacote de bolo Pullman, aquele bem seco – lembram? – que trazia um garfinho ou faquinha plásticos de brinde! E uns poucos e deliciosos brigadeiros, que nunca eram suficientes para a turma toda.
 
... uma vez em que o Eduardo, o Reinaldo e eu nos voluntariamos para representar a classe no “Pullman Jr”, programa apresentado pela Marília Moreira, mãe de um colega nosso, que nos deu essa oportunidade. Dezenas de crianças ficavam sentadas em mesinhas quadradas, comendo o “delicioso” bolo Pullman e tomando Milk Shake Pullman, enquanto 2 equipes disputavam prêmios respondendo a perguntas sobre história do Brasil. A minha simples resposta “BORBA GATO” (provavelmente se referindo à procura de esmeraldas) me valeu um traje completo de Dale Evans, a mulher do Roy Rogers, com direito a chapéu, botas, cartucheira e tudo mais. Duro foi ter que buscar, com minha mãe, na r. Apeninos, de ônibus, viajando horas a fio do Brooklin até lá.
 
Bons tempos...

Talita Ribeiro
Enviado por Talita Ribeiro em 02/10/2010
Reeditado em 02/10/2010
Código do texto: T2533676