ENQUANTO A MORTE NÃO VEM!
Estou exausta de tanta mesmice. Dessa explosão de notícias ruins, a chatice da corrida eleitoral, a ganância do poder, a corrida maluca e desleal p’ra ver quem chega primeiro no pódio da mamata. Você liga a tv, para se distrair um pouco e o que vê? Lavagem cerebral (até a vizinha do lado), tentando impor opiniões, que nem são deles: “vote consciente....” Mas, quem disse que meu voto é inconsciente? Eu nunca bebi nada, antes de cumprir com meu “dever de cidadão”, só bebo depois... de desespero! É tanta droga que despejam em cima da gente, que estou até pensando, este ano, em dar chance aos novos políticos:
TITICA POR TITICA, VOTE EM TIRIRICA! Ou: VOCÊ JÁ ELEGEU TANTO FDP, AGORA, VOTE NA MULHER FRUTA!
São tantas as pesquisas científicas, tantos dólares investidos, no mundo todo e, para quê? Medicamentos para a impotência sexual, disfunção erétil – para o cara se dar bem na cama - e o escambal, existem a rodo em qualquer drogaria de esquina. A liberação para uso desses medicamentos nunca encontrou nenhum entrave, enquanto as pesquisas para cura do câncer e outras moléstias, realmente graves e fatais, não tem o mesmo desfecho. Ninguém se importa, muito menos o governo! Em que mundo estou vivendo, afinal? Vou surtar!
Cansei-me das bundas abundantes, dos peitos siliconados, das barrigas tanquinho e da adoração masculinamente equivocada desse pomar, recheado de mulheres “exuberantes!”. Medidas exageradas, quadris enormes e cérebro – nem tanto. Já não suporto mais os modismos irritantes, a supervalorização da beleza exterior, a ausência de valores morais e intelectuais realmente interessantes Eu quero a minha mãe!
Ah! Quer saber? Cansei-me até do amor, ou mais ainda, de amar! Não o amor fraterno, universal, pelo meu semelhante, pelos meus amigos, mas daquela forma de amor, que nem sempre nos acrescenta, mas que nos entorta a mente, dá um nó em nosso coração, aprisiona-nos a alma. Aquele sentimento devastador, alienante, mortal; a loucura passageira que massacra nossa vontade, anula nossas forças e nos detém em suas teias de egoísmo e escravidão. Paixão desenfreada?
Estou até aqui, ó, da tal paixão!
Eu quero ficar sossegada em meu canto, tomar meu sorvete, em meio à tarde quente, sem medo de aumentar a taxa do colesterol infame; andar sem destino pelas ruas da cidade, jogar conversa fora, com as pessoas na praça, poder observar, sem restrições, a multidão ambulante, voltar para casa e escrever as minhas sandices, dar vazão aos meus delírios – sem censura! Enquanto a morte não vem...