A HISTÓRIA DA CAMISINHA
Se fosse perguntado aos casais de hoje quantos filhos querem ter, a grande maioria, com certeza, responderia um, dois no máximo. Isso porque, atualmente, existem métodos para controlar a quantidade de filhos que as famílias querem ter. Mas, nem sempre foi assim. Não é necessário retroceder muito na historia para sabermos que, até há bem pouco tempo atrás, não existia "querer". Os filhos vinham e pronto! A geração acima dos 60 anos sabe bem disso. Famílias com nove, dez filhos eram comuns e pode-se dizer que a mulher passava praticamente toda a sua fase fértil botando crianças no mundo. Os homens não se preocupavam muito com isso. Afinal não eram eles que passavam por todo esse processo difícil e doloroso da gestação, do parto e da educação dos filhos. Evitar filhos sempre foi uma preocupação das mulheres.
Uma das primeiras menções ao sexo seguro está na mitologia grega. Diz a lenda que Procris, filha do rei Erechteus, de Atenas, teve um romance com Minos, filho do todo-poderoso Zeus. Como o sêmen do rapaz era cheio de serpentes e escorpiões, Procris teria envolvido o órgão sexual dele em uma bexiga de cabra. O mito de Procris indica que os gregos já usavam materiais de origem animal, para evitar a transmissão de doenças durante o sexo.
A primeira menção à camisinha foi feita em 1564, pelo italiano Gabriel Fallope, professor de anatomia, e consistia de uma capa de linho embebida num líquido feito com ervas e absinto, mantendo o pênis livre de infecções. Relatos falam de um sachê peniano, para combater o “mal napolitano”, nome dado pelos franceses à sífilis (que os italianos denominavam de “mal francês").
Mas, o termo “camisinha", no combate à sífilis, deve-se a William Shakespeare, que denominou o apetrecho para proteger o pênis de “luva-de-vênus”, em homenagem à deusa romana do amor. Em português, o nome ficou sendo “camisa-de-vênus”.
Só no início do século XVII é que se pensou na camisinha como meio de evitar a gravidez, como forma de diminuir o número de filhos ilegítimos. Talvez o maior beneficiário foi o rei Luís XIV, que diminuiu as dores de cabeça provocadas pelo nascimento de filhos bastardos.
Em Paris, as camisinhas sofreram uma marcação cerrada da Igreja Católica, mas em Londres as coisas foram mais liberais. Conta-se que uma célebre cafetina, miss Phillips, fabricava camisinhas de tripa de carneiro para seus clientes. Outra senhora libertina, uma tal miss Perkins, copiou a idéia. A disputa incendiou o mercado do sexo e as autoridades londrinas proibiram a venda de camisinhas.
A polêmica sobre a camisinha envolveu dois dos maiores devassos do século XVIII. O marquês de Sade defendia o uso de sacos de pele animal, para evitar as conseqüências indesejáveis das orgias. Giácomo Casanova, achava o artefato incômodo demais. Mas acabou se rendendo, depois de pegar sífilis pela 11ª vez.
Durante a Revolução Francesa, surgiu a primeira loja especializada em camisinhas. Só que os clientes enfrentavam alguns constrangimentos: os preservativos eram costurados sob medida e os homens tinham que levar a medida certa, sem aquela de "o meu é maior".
Em 1870, com a descoberta da vulcanização por Charles Goodyear, surgiu o preservativo de borracha. E olha a criatividade: os pacotes vinham com o rosto do primeiro-ministro inglês William Gladstone e da rainha Vitória. E olha a "higiene": em fins do século XIX, os preservativos não eram descartáveis e tinham garantia de cinco anos! Em 1930, passaram a ser feitas de látex e tornaram-se descartáveis.
Em 1961, os americanos lançaram no mercado a pílula anticoncepcional que, por muito tempo, desmoralizou a camisinha. Ignorando as doenças sexualmente transmissíveis, muita gente abandonou o preservativo. A camisinha só recuperou sua popularidade nos anos 80, de maneira trágica. O surgimento da aids fez com que o mundo voltasse a temer o sexo sem proteção. Para a geração nascida depois da descoberta do vírus HIV, causador da doença, o preservativo se tornou um acessório indispensável.