NA CONDIÇÃO DE MÃE, PAGUEI MICO!
De: Ysolda Cabral
Muito cansada de um dia de trabalho desgastante, fui com minha filha ao Shopping mais próximo de minha casa (menos de cinco minutos). Só fui porque precisava mesmo ir. - Sei perfeitamente que, não convém exigir muito de mim quando estou assim.
Pois bem; saímos de casa, enfrentamos um engarrafamento desesperador e ao chegarmos ao nosso destino ainda tivemos muita dificuldade para encontrar uma vaga no estacionamento. Mas, enfim, chegamos...
Muito mais cansada, com fome e bastante irritada, propus à minha filha jantar e só depois irmos às compras.
Ela me conhece bem e sabendo que, se não concordasse a coisa iria “desandar” de vez, mais que depressa concordou, mesmo sem estar com muita fome.
Na praça de alimentação encontramos uma mesa disponível – única facilidade encontrada naquele dia – fato que me deixou um pouquinho mais animada.
Sentei-me e “abusando da condição de mãe”, mandei minha filha providenciar nosso jantar por não ter disposição nem para isso naquele momento.
Finalmente o jantar foi servido e tudo estava do meu gosto, principalmente a sobremesa.
Satisfeita e descansada, fomos às compras.
Depois de entrarmos em várias lojas e não encontrar quase nada do que estávamos procurando, decidimos ir embora até porque meus pés doíam pra "caramba".
Chateada de não ter comprado tudo e com os saltos a me castigarem, toda a irritação e cansaço de antes voltaram como num passe de mágica.
Foi neste exato momento que dei de cara com uma jovem mãe que trazia junto a si uma garota de uns 10 anos a qual, nos pequeninos braços, segurava – literalmente pendurado – um bebê de poucos dias.
Meu coração gelou e eu, sem vacilar, saí correndo com os braços estendidos pra pegar o bebê caso a menina o deixasse cair. E, como se ainda não bastasse, gritando que a mãe era uma louca de permitir uma coisa daquelas.
Todo mundo parou e o silêncio foi total.
Minha filha, morrendo de vergonha, conseguiu me fazer parar falando que “àquilo” não era um bebê e sim um boneco...
Todo mundo caiu na risada e eu xinguei até a última geração (em pensamento) o idiota que teve a idéia de inventar um “brinquedo” daqueles.
Olhei para minha filha e lhe avisei baixinho: se você também sorrir, não respondo por mim!
- JÁ PRA CASA!