RELAÇÃO AMOROSA

“Arrebataste-me o coração, minha irmã e minha noiva, arrebataste-me o coração com um só de teus olhares, com uma só jóia de teu colar. Como são ternos teus carinhos, minha irmã e minha noiva”! (Cantares de Salomão)

Aproveitando o momento da disputa eleitoral, minha última crônica foi uma reflexão sobre a parte obscura da alma, expondo um sentimento comum em muitas pessoas, o preconceito. Infelizmente para mim, quase ninguém leu. Como tive boa receptividade nos anteriores, confesso que fiquei decepcionado, apesar de ser principiante no ramo.

Agora, saindo dos recônditos sombrios da alma, me aventuro em seu outro lado. Mais luminoso e florido, portanto mais apreciável. Estou disposto nesse texto a falar de AMOR. Caro leitor, eu não sei ainda como vou abordar: se faço uma abordagem genérica sobre o assunto, ou simplesmente relato uma relação amorosa.

Esses segundos que antecederam foram suficientes para optar pela segunda alternativa. Com a decisão tomada, iniciando o terceiro parágrafo, faltou ainda definir, o tipo de afeição: fraternal ou sensual. Como a relação fraterna entre indivíduos, quase sempre fez parte de minhas outras crônicas, a opção, obviamente estava tomada. Eu iria falar de sexo entre um homem e uma mulher, mesmo que de uma forma púdica.

Conheceram-se em uma feira de artes na grande metrópole paulista. Em pouco tempo, estavam perdidamente apaixonados. Ele vindo do interior de S. Paulo, ela baiana “muito espontânea, vinda de Salvador”. Beijos e abraços, no namoro e noivado. A consumação da relação foi adiada até o casamento. Decisão tomada principalmente pelo rapaz, mais por timidez, do que outra coisa, afinal chegava aos 30 anos sem nenhuma experiência sexual.

A cerimônia religiosa aconteceu sem nenhum contratempo. Mais tarde, de ônibus rumaram para o litoral paulista. Já em IPEROIG, ele com o coração disparado, tremendo e suando frio, pegou a chave com o recepcionista do hotel e abriu a porta da suíte nupcial. Um silêncio profundo abateu-se sobre os dois nubentes. Muito sem jeito, o rapaz colocou a mala sobre a cama, de lá retirou as roupas e colocou-as no armário. Enquanto isso, a moça célere, correu até o banheiro. Pelo barulho da água, percebeu-se que estava no banho.

Nesse ínterim, ele colocou uma bermuda e um par de chinelos.

Depois de algum tempo, a noiva descalças e enrolada em uma toalha azul entrou no quarto. Incontinente, Por sua vez, ele foi para o banho. Durante algum tempo, debaixo do chuveiro, teve pensamentos fervilhantes: “medo de fiasco na hora H,” era grande a sua aflição. Olhou para seus órgãos genitais e tentou estimulá-los, mas a ansiedade era tão grande, que o insucesso foi total. Enxugou o corpo molhado, fez “xixi” no vaso e colocou novamente a bermuda.

Abriu à porta, Ela estava deitada na cama, com olhos na televisão ligada. Apesar de estar coberta com um lençol branco, as formas exuberantes da moça percebiam-se apesar dos panos. Cabelos negros, boca e olhos grandes, pequena estatura e pele morena: “uma verdadeira deusa”. O noivo, desajeitado, cabelos arrepiados pelo banho, também não era feio: alto, magro de rosto agradável e braços fortes. Nesse momento, ele sentou e depois deitou na cama.

Aproximou-se dela, abraçou-a por trás e delicadamente a beijou na nuca. Ela, por sua vez, virou-se e o beijou na boca. De repente, uma avalanche de beijos e abraços aconteceu. Depois, como por encanto, a natureza fez sua parte. As dificuldades iniciais foram vencidas e a paixão e o desejo foram maiores do que a ansiedade e a inexperiência. O clímax da relação amorosa aconteceu depois de alguns minutos. Posteriormente, a serenidade e o sono acabaram como por encanto com aquela agitação inicial.Felizmente, o casamento tão esperado foi inteiramente consumado.

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 27/09/2010
Reeditado em 24/06/2011
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