... comer, beber e .... (EC)

 

 

                             Ganhei o livro Comer, rezar, amar em um concurso da internet. Eu tinha que escrever uma página sobre férias deliciosas e escrevi. Poucos dias depois recebi o livro pelo correio. Nunca li. Tenho nas mãos o exemplar que ganhei, mas não tenho nenhuma idéia de onde está o texto que escrevi. Por que não li? Sou um pouco birrenta, às vezes. Não gosto de ler o que todo mundo lê. Prefiro esperar a onda passar. Mas pelo jeito a onda não vai passar. Está gerando filhotes, inúmeros filhotes... Até o desafio do Encanto das Letras resolveu tratar do assunto. Comer, beber e.... é o tema proposto. Vamos ver no que vai dar.

 

                       Abro o exemplar e leio a orelha do livro em busca de inspiração. Preciso achá-la rápido, havia me esquecido completamente que o desafio era para amanhã. E não quero deixar de cumprir o compromisso assumido. A autora do livro larga tudo, parte em busca de si mesma e escreve um livro, vende milhões, ganha dinheiro que não acaba mais e... Como será que é a vida dela agora? Não sei. Não posso me ocupar da vida dela porque tenho que ocupar-me da minha. E minha vida não é e nem nunca vai ser um conto de fadas como a dela parece ser. E aliás eu nem quero que minha vida seja um conto de fadas. Contos de fadas têm final feliz e absolutamente não pretendo que minha vida tenha um final.

 

                    Li atenciosamente a orelha do livro e sei que certamente já está chegando o tempo em que lerei o livro todo.Interessou-me. Mas fixei-me no último parágrafo, a síntese – o que pode acontecer quando você assume a responsabilidade por seu próprio contentamento  e para de tentar viver seguindo os ideais da sociedade.

 

                   Estou sentindo agora uma vontade enorme de buscar em mim algo que realmente me dá contentamento. Algo que busquei e que me deixa satisfeita. Algo que quando faço não é por obrigação e sim por puro prazer. E não é difícil encontrar porque está ligadíssimo ao tema proposto: Cozinhar.

 

                Eu nunca me interessei por cozinhar. Nunca quis aprender a cozinhar. Sempre achei uma atividade que nada tinha a ver comigo e a vida que vivia e queria viver. Coisa chata, muito chata. Ninguém, absolutamente ninguém, até mesmo eu, acreditaria que um dia eu me tornaria uma cozinheira. Pois eu me tornei uma cozinheira específica – uma cozinheira dos domingos.

 

                Um dia, já faz algum tempo, minha mãe, cozinheira de mão cheia, decidiu que não cozinharia mais. Todos compreenderam, mas eu antevi um problema: onde nos reuniríamos agora para o almoço? Não sentia vontade nenhuma de passar os meus domingos em restaurantes self service comendo comidas insossas.  Então decidi: vou cozinhar.

 

                E  assim fui começando e melhorando e aprendendo e criando. Hoje posso dizer que cozinho bem embora não saiba fazer coisas básicas. E isso enche minha vida de contentamento.... Vida? Não, esse contentamento específico é só aos domingos... Porque aos domingos eu passo o dia assim: Cozendo, comendo e bebendo... Porque domingo é também o dia do bom vinho. E após essa farra matinal que entra pelo começo da tarde, eu derreada, feliz e satisfeita vou ... dormir.

 

 Eta vida boa meu Deus!