O Eclipse

PARTE 1

• O Início de Tudo

Olhei para o alto, naquele simples e insignificante dia, após ter me levantado da cama.

O céu azul claro e com poucas nuvens deixavam o dia de domingo igual a todos os outros dias da semana. Deixando de lado aquela imensidão azul deitei-me debaixo de minha laranjeira no meu grande e aconchegante pátio.

Um pequeno vulto preto no céu me chamou a atenção e foi seguido por um alto barulho.

Elizabeth saiu pela porta gritando e agitando-se de maneira assustadora, seu olhar aterrorizante se juntou ao meu, senti o seu medo que não só tomou conta dela, como de mim e de nossos filhos.

Chamei Elizabeth e meus filhos para ir ao porão onde ficava o nosso esconderijo, uma minúscula janela tapada por um quadro que nos levava até uma pequena sala aonde nos escondemos. Todos nós já sabíamos o que aquilo queria dizer, os alemães estavam fazendo mais um ataque e nós judeus, corríamos do perigo.

Ouvimos os soldados arrombando a porta e quebrando os nossos pertences, também ouvimos que eles desceram as escadas do porão.

Esses, provavelmente, seriam os últimos barulhos que nós ouviríamos.

Senti o som de suas vozes cada vez mais alto, notei que se aproximavam de nós. Mandei Elizabeth, Cherry e Russel se esconderem melhor, mais para o fundo. Ouvi que os seus movimentos pararam por uns segundos, mas foram poucos. Em um movimento brusco, a janela, que antes nos protegia daqueles seres desprezíveis, não deixava mais o nosso esconderijo escuro.

Pulei para fora do esconderijo e me entreguei a eles. Vi quando um dos alemães foi vasculhar o nosso esconderijo, certamente iria descobrir o resto de minha família, mas agi mais rápido que ele e descontei toda a minha ira, minha raiva e minha vingança em um chute, que acertou bem a boca de seu estômago. Como conseqüência, eles me apunhalaram pelas costas e me levaram dali. O resultado foi o pior que se poderia querer na época, mas o mais comum para os judeus, ser levado a um campo de concentração.

Senti um ar de missão cumprida, pois afinal o meu objetivo tinha se completado, tinha salvado minha mulher e meus filhos, apenas esperava que eles fizessem bom proveito de sua “liberdade”, pois a minha acabara ali.

• Longe de Casa

Os primeiros dias pareciam eternos, toda a vez em que um deles chegava ao fim eu comemorava como se eu estivesse vivo, pois dentro de mim mesmo eu estava praticamente morto.

Olhava aquele céu que antes era azul, mas agora, estava cinza e pálido. Algo me fazia ter certeza de que não sairia dali com vida.

Havia guardas para todos os lados, uma fuga inesperada fez todos eles se locomoverem para a parte frontal do campo. Senti pena, ódio, raiva, eram tantos sentimentos amargos e ruins que era quase impossível distinguir cada um deles. O homem que havia tentado fugir não respirava mais, seu ato não modificou expressão alguma nos guardas, mas nos prisioneiros mudou. O terror espalhava-se como uma epidemia.

As noites eram frias e longas, ninguém sabia dizer em qual mês e em que dia estávamos, muito menos conseguíamos saber se a noite é menos pior do que o dia. Era difícil escolher entre as noites quando passávamos frio ou o dia quando sofríamos as diversas torturas.

Todos eram obrigados a fazer trabalhos como cortar a lenha, que servia para aquecer os alemães e construir armas, para serem usadas contra nós mesmos. Essas eram as famosas câmaras de concentração, que sem dúvida tirariam a vida de qualquer pessoa que fosse ali para tomar o “banho”. Todos já sabiam o significado dessa palavra, queria dizer: Bem Vindo ao Final de Suas Vidas.

Deixando o trabalho pesado, enquanto caminhava em direção a meu alojamento, notei que uma pessoa corria ofegante em minha direção. Tentei disfarçar, pois além de não conhecer ninguém, os pedidos de ajuda para fuga dali eram o assunto mais falado. Não gostaria de acabar como o homem que desperdiçou sua vida em uma fuga impensada.

Apressei o passo para que o homem com aparência estranha, com uma longa barba e suas rugas destacadas na face, não me alcançasse. Mas a minha estratégia não funcionou, quando percebi, o homem que antes estava atrás de mim, agora se encontrava ao meu lado.

Olhei para ele com a intenção de dizer : “Eí, não quero sua companhia”, mas antes que pudesse me expressar, ele interrompeu.

- Mas olha só como você cresceu, está mais alto, mais forte .

Olhei para ele e, sem perder a educação, falei:

- Senhor, acho que se enganou com outra pessoa, eu nunca o vi na vida!

Ele me olhou com um ar triste, notei que minha atitude não foi a melhor para a ocasião, mas emendei em seguida, ao me apresentar.

- A propósito, meu nome é Elearnor Roosebel e o seu?

Sua expressão já havia mudado, agora estava com um sorriso amarelado. Ele comentou:

- Prazer Elearnor, meu nome é Benjaminn Hockenheim.

Benjaminn me acompanhou até o meu alojamento e lá repousamos até amanhecer.

• O Início de uma amizade

Em meus sonhos, que normalmente aconteciam fora do campo, sonhava em ser livre, apenas para esquecer em que lugar eu estava na realidade, pois se sonhasse com a verdade, este já não mais seria um sonho, mas sim, um terrível pesadelo.

E como a vida não é um sonho, acordei com o chamado de Benjaminn.

Mais um dia, mais um problema e mais um pesadelo. Os dias só se tornavam suportáveis pelo fato de eu poder conversar com alguém, principalmente com o sábio Bem. Ele me contava sobre sua esposa e seus filhos, que já estavam bem longe dali. Contei a ele de minha família e minha trajetória e como eu me sentia perante aos fatos que eu presenciava, mas ele me olhou e apontou para a câmara de concentração, já pronta, e disse:

- Ali, nós todos vamos esquecer nossos passados, e não presenciaremos o futuro.

Olhei para ele completamente assustado e, sem falar nenhuma palavra, levantei-me, apontei para a cerca e disse:

- E ali, se encontra toda a nossa liberdade e a nossa vida, ali sim, esqueceremos o passado em que presenciamos aqui, e construiremos um futuro livre junto de nossas famílias.

Ben olhou para mim, levantou-se e disse:

- Você está pensando em fugir?

Sem hesitar, respondi seriamente para ele.

- Estou, mas não vou fugir sozinho. Vou pensar em como organizar uma revolta, conseguirei minha liberdade.

Ao terminar minha fala, caminhei em direção contrária à dele e fui me distanciando cada vez mais.

Pensando melhor em como armar uma fuga em que não poderia ter erro algum, deitei-me em minha cama tentando elaborar um plano perfeito. Mas, em questão de segundos, antes que eu pegasse no sono, Ben chegou ao meu lado e cochichou:

- Seu plano não poderá ser executado sem mim . Agora terá que pensar em como fugir levando mais uma pessoa com você.

Arregalei os olhos e me levantei:

- Você quer fugir daqui também?

Ele respondeu rapidamente:

- Sim!

Quase o interrompendo, eu disse:

- Então, temos muito trabalho a ser feito.

• O Plano

A noite ainda predominava no céu, olhávamos pelas pequenas frestas da parede de madeira, enquanto lá fora, a luz parecia disputar espaço com a escuridão.

Ben me chamou a atenção, pois os guardas estavam vindo em direção ao alojamento, num salto voltei para cama e fingi que estava num profundo sono. Com a arrogância típica dos alemães, abriram as portas dando um tiro para cima. Todos já estávamos de pé, afinal, os tiros eram a maneira menos esperada para nossa morte, pois segundo eles, éramos tão desprezíveis que era perda de pólvora e metal nos matar a tiros, preferiam nos colocar nos “banhos” em conjunto.

Ben e eu, no pequeno intervalo que tínhamos para almoçar pensávamos, em nossa fuga, mas o primeiro passo dentro do campo parecia impossível. Saber em que dia do mês e qual dia da semana era . Pensamos sobre a nossa primeira missão e se não fosse Bem, ficaríamos ali até a nossa morte. Ele conhecia um velho que marcava todos os dias em que estava preso numa parede com um pedacinho de carvão, essa era a nossa melhor e única fonte.

Caminhamos até o alojamento em que o velho dormia e sem pedir sua permissão arredamos a cama que estava encostada na parede, podendo finalmente visualizar as marcas de carvão. As letras que estavam na parede não eram muito conhecidas. Não havia maneira alguma de saber em que dia estávamos, a única possibilidade era pedir ao velho, mas tínhamos medo de ter que esclarecer o porquê disso.

Pensamos e até mesmo ensaiamos o plano repetidas vezes. Sabíamos que quanto mais rápido, fazíamos isso, mais tempo teríamos para armar a nossa fuga.

Avistamos ao longe a figura do velho, um homem fraco e com aparência desajeitada, um principiante como nós, preso em suas memórias. Ele contava os dias, dia por dia, para rever a sua família. Isso lhe causou um pequeno surto, o que o deixou com a aparência de louco, mas de louco ele não tinha nada.

Corremos em direção a ele, com a grama batendo nas canelas. Com alguns metros de distância, paramos e notamos que ele estava escrevendo algo, na terra, com um pequeno pedaço de galho.

Ficamos olhando para ele por cerca de 5 minutos, perdemos toda a hora do almoço por culpa de um velho louco. O pouco tempo que nos era dado para comer, desperdiçado.

Cansados de pensar outra forma de descobrir que dia estávamos, fomos dormir.

Acordamos, novamente com os tiros, sem motivo algum. Os alemães gostavam de nos acordar assim. Fomos trabalhar, e a mesma rotina de sempre, fomos almoçar.

Eu e Ben sentamos debaixo da árvore com a horrível comida que nos davam e começamos a falar sobre nosso plano. E quando notamos que o velho, que antes nós observávamos, agora estava nos observando, bem ao nosso lado. Sem pressa, parecendo ter toda a calma do mundo, falou lentamente, mas com um tom relevante:

- Mas olha só, veja se não é Elearnor e Benjaminn.

• O Não Mais Estranho.

Ben trocou olhares assustados comigo e mudos olhamos para ele.

Ele olhou para nós com um ar superior e disse:

- Notei que arredaram minha cama, e me observaram por horas, mas já venho fazendo isso com vocês há muito tempo.

Ben olhou para o velho, pasmo, ele disse:

- Você nos conhece?

O velho demorou para pronunciar a frase inteira, e com a paciência que tinha e que para nós faltava, falou lentamente:

- Desde que entraram aqui, foi impossível não notar qualquer ação de cada um de vocês. Venho observando-os há um bom tempo.

Eu disse rapidamente:

- Posso saber por que?

Ele já não tinha mais a enorme calma de antes quando respondeu:

- Ah, e eu posso saber o porquê vocês estarem me vigiando também?

Ben olhou para mim com uma cara feia e disse:

- Nós queríamos conhecê-lo melhor.

Notei que Ben queria enganar o velho e confirmei com a cabeça.

O velho olhou para nós com uma cara de desprezo, um olhar frio e penetrante e, soltando uma gargalhada, disse:

- Vocês acham que eu sou tolo? Sei que vocês pretendem fugir daqui, e o primeiro passo é descobrir que dia é hoje, para poder executar o plano de vocês. Já lhe dou uma prévia: esse será o único passo se quiserem prosseguir no meu caminho.

Eu pensei comigo mesmo: “Esse homem lê pensamentos?”. Mas Ben foi mais firme e disse:

- Isso não vai se repetir, desculpe o transtorno.

O velho olhou para nós, e novamente rindo, disse:

- Nossa, não é que eu seja convencido, mas sou um ótimo ator. Vocês caíram direitinho, e se entregaram a respeito do plano.

Ben olhou para mim, com um jeito indecifrável.O velho viu e disse:

- Vocês devem estar-se perguntando se eu sou louco, já lhes digo que não sou, apenas um pouco anormal, mas deixe-me apresentar: podem me chamar de Foltz, Stephan Foltz.

• Foltz, Um Gênio.

Dessa vez, eu olhei para Ben pasmo, e ele me olhou da mesma maneira. Um pensamento passou rapidamente pela minha cabeça e sem querer pronunciei em voz alta:

- Mas Foltz é um sobrenome alemão!

Stephan me olhou e disse:

- Sim. Meu pai casou-se com minha mãe judia, e eu nasci com as duas nacionalidades. Isso é considerado traição aos alemães, segundo eles, eu era impuro. Eu e meu pai fomos presos, e ela, executada em nossa frente. Meu pai foi para outra prisão ao Leste, ele provavelmente já está morto, e eu, espero aqui, para encerrar minha vida.

Ele riu de nós, estávamos boquiabertos. A história foi comovente, mas ele parecia nem ligar para própria família.

Ele se retirou dizendo:

- Nos vemos por aí. E se quiserem saber de algo importante, vão até onde eu estava, enquanto me observavam.

Sem perder tempo, Ben e eu corremos até a árvore.

Olhamos para todos os lugares, não encontramos nada. Sentei-me no chão e vi algumas escritas no mesmo, um pouco ilegíveis, mas bastante precisas.

Falei para Ben:

- Não foi Foltz quem fez isso, é impossível. Olha a complexidade destes cálculos, ninguém é capaz de resolvê-los. Com o pouco que sei, essas são as equações mais complicadas que existem, aposto que nem mesmo você, com todas essas informações e pensamentos consegue resolver isso. Pois é, acho que encontramos alguém aqui que pode competir com você.

Ben me olhou, e disse:

- Pois saiba, que com o pouco que você sabe, não consegue resolver nem meia equação, já eu, resolvo em um piscar de olhos. O problema é que nem com minha inteligência conheço essa língua, repare que é a mesma que encontramos na parede ao lado da cama de Folz. Mas voltando ao assunto, sou bem mais inteligente do que aquele velho arrogante.

Respondi para ele rindo:

- Você acabou de se descrever.

Ele me olhou ironicamente e caminhamos rumo ao nosso trabalho.

Passou o dia, e nos retiramos. No caminho encontramos Foltz.

Corri ao seu encontro e disse:

- Não foi você que solucionou aquelas equações, foi?

Ele respondeu:

-Não só as equações, como criei minha própria língua. Uma que só eu sei, e só eu posso lê-la.

Ben disse:

- E por qual motivo estava fazendo as equações? As que nem mesmo eu sei resolver.

Foltz disse:

- às vezes a ignorância é um prêmio.

Rindo, ele complementou:

- O tempo lhe dirá o resultado de cada uma delas, mas já lhe aviso, este tempo pode estar mais próximo do que imagina.

Em um silêncio que nos acompanhou até o alojamento, separamo-nos, e quando estávamos a cerca de 10 metros de distância, Foltz gritou:

- Eleanor, venha cá. Só você.

Olhei para ele e corri em sua direção.

Ele se aproximou de meu ouvido e cochichou:

- Não conte nada para aquele homem ranzinza e arrogante.

Confirmei com a cabeça e mandei ele prosseguir, pois o guarda estava se aproximando.

Ele falou um pouco mais alto:

- No resultado das equações, está a resposta para a sua saída daqui.

• Um Primeiro Passo?

Com o guarda já ao nosso lado, Foltz disse:

-Amanhã continuamos a conversa.

O olhar intimidador do guarda não me assustava mais, mas sem querer arranjar alguma briga, caminhei em direção a Ben, e juntos fomos para o alojamento.

Um pensamento me intrigava. Não poder contar nada a Ben, isso é o cumulo.

Mas amanheceu, e o meu pensamento já não era o mesmo. Apenas queria sair dali, o mais rápido possível.

Em mais um dia de trabalho Foltz estava fazendo a mesma câmara de gás que nós, e sem perder tempo, me aproximei e falei á ele:

- Foltz, já sabe como que vamos conseguir a data de nosso “banho”?

Ele me olhou bravo e disse:

- Bom dia para você também. E sim, eu já sei que dia é hoje e que dia é o banho de nosso grupo.

Falei:

- Nosso banho?

- Sim, segundo eles estamos no mesmo grupo.

- Ótimo, me diga o nosso plano.

Ele olhou para Ben que estava ao meu lado e disse:

- Vai querer fazer parte deste plano?

Ben sem perder tempo confirmou.

A atitude de Foltz me chamou a atenção, ele mesmo havia me dito que não iria aceitar que Ben fizesse parte do nosso plano. Sem querer voltar aquele assunto, mudei o rumo da conversa.

- Mas então, alguma idéia para a nossa fuga?

Ninguém expressou idéia alguma.

- Ótimo, Foltz, que dia é o nosso banho? Perguntei

- Nosso grupo é o 57, e o nosso banho será a exatamente daqui a 21 dias.

Ben disse desesperado:

- Mas isso é muito pouco tempo, a gente ainda nem tem idéia de o que fazer para fugir daqui.

Foltz respondeu em voz seca e rouca.

- Não podemos perder tempo, vamos nos dividir em três tarefas. Ben, você fica encarregado de planejar a nossa fuga, eu, ficarei encarregado de controlar os dias, e Eleanor você fica com a vistoria do território. Vamos pensar enquanto trabalhamos, se não arranjarmos algo até amanha, não terá tempo para mais nada.

O silêncio predominou na nossa conversa, cada um continuou com seu trabalho, com a cabeça repleta de pensamentos e desespero.

A noite, novamente vinha dar as boas-vindas, os dias estavam passando rápido, e as idéias que a gente precisava ter, nesta justa hora não apareciam. Se retirando do nosso trabalho, nos juntamos, para compartilhar as idéias, a minha parte estava feita.

Iniciei a conversa comentando sobre o terreno.

- Bom, são 4 campos, dois ao norte, um a esquerda onde fica a entrada principal, e o outro, onde estamos á direita. Em cada uma delas há 4 câmaras de gás. Cada campo é retangular, contendo uma torre de atiradores em cada canto, do nosso lado direito, logo no final do campo se encontra a floresta de der Schwarzwald, que cerca todos os campos, inclusive a entrada, o que facilitaria a nossa fuga. Porem, há um vão entre os campos e a floresta de pouco mais de 19 metros. O que possibilita que eles nos vejam correndo. E voçês, o que pensaram?

Foltz disse:

- Muito bem! Bom trabalho, e voçê Ben, já pensou em algo?

Ben olhou para nós por poucos segundos e disse:

- Ainda não, não tenho ideia alguma.

Trocamos olhares desesperados, o prazo de início de nosso plano venceria amanha.

• Grandes Planos, Pequenas Idéias

Novamente, em meus sonhos, estava fora do campo de concentração, em mais uma tarde com minha família. Lembrei detalhadamente a hora na qual corríamos em direção ao porão, numa fuga desesperada para o nosso esconderijo, tapado por um quadro.

E de novo, meus sonhos estavam interrompidos pelos nazistas, com um pulo levantei da cama, e sem demora voltei a realidade, sabendo exatamente onde estava, de volta ao campo.

Um terço do grupo 57 estava encarregado de construir a 4º câmara de gás do nosso campo, que se encontrava muito próxima da cerca que dividia a nossa liberdade. Ben, Foltz e eu estávamos encarregados de fazer isto, e com os dias limitados para por em prática nosso plano, parecia impossível encontrar a nossa fuga.

Conversamos novamente, repetidas vezes ao dia, enquanto fazíamos para eles, a arma de destruição em massa, foi quando, em minha cabeça veio novamente a imagem de minha família descendo as escadas do porão e entrando no nosso esconderijo. Balancei a cabeça de um lado para o outro, tentando esquecer aquela mágoa, mas Ben percebeu meu atordoamento e falou:

- Você esta bem Eleanor?

Respondi:

- Não sei, estou com um pensamento latejando em minha cabeça, uma memória insiste em me atordoar.

- Que pensamento é esse? Ben disse.

- A imagem de minha família, fugindo dos nazistas alemães, que nos perseguiam dentro de nossa casa. Descemos no porão onde tinha nosso esconderijo na parede tapado por um quadro, a imagem de eles rindo de minha atitude. Parece que esta imagem esta custando a sair de minha mente. Completei com um suspiro amargurado.

- É isso! É isso! É isso! Disse Ben.

Foltz olhou para ele e disse:

- É isso o quê? Também esta louco?

-Ben disse sorrindo.

- Esta aí! Como estamos construindo a nossa câmara de gás, podemos usá-la para a nossa fuga, é perfeito, ela esta no lado da cerca, com um buraco falso no chão, pode nos levar direto para a floresta!

Foltz e eu olhamos para Ben e dissemos juntos, parecendo ensaiado:

- Perfeito!!

Sorrimos, alegres, imaginando a nossa vida depois dalí, continuamos a conversar sobre nossa fuga e nossos planos.

A noite chegou, mas esta pareceu a noite mais rápida de minha vida.

Ficamos conversando sobre as idéias de nossa fuga, e decidimos que começaríamos por em prática amanhã o nosso plano de fuga.

• Mãos á Obra.

Ainda não terminado, vou ir postando aos poucos.

Gabriel Soares
Enviado por Gabriel Soares em 16/09/2010
Reeditado em 18/09/2010
Código do texto: T2502318
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.