SEU SIM

Por muitas vezes o seu não esconde pretensões de um sim, o que me deixa confusa quanto a clareza de suas palavras.

Se por instantes acredito enxergar o que seus olhos vêem, logo em seguida aparece um olhar convicto para frente camuflado de olhar inquietante para os lados, trazendo-me a dura certeza de que nada vejo do que pensei que vira.

Enquanto durmo, meus fantasmas aterrorizam meus sonhos, onde neles, você é claro nos “sins” ou “nãos”. Quando acordo, quero esquecer a realidade inexistente do sonho, porque ela empiricamente não existe, embora me traga mais certeza. Quero me apegar ao que meus sentidos vêem, negando o que meus instintos me apontam: que você esconde pretensões de sim no seu não.

Talvez minhas assombrações noturnas me persigam nos pensamentos mais sensatos, roubando todo e qualquer vestígio de sensatez. Talvez elas estejam exorbitando a esfera do sonho e manipulando o que de fato é real: a vibração de suas palavras e seu olhar pra frente.

Não sei por que me preocupo com a natureza dos seus dizeres e dos seus olhares. Fácil mais, seria, apegar-me ao que tenho e afastar os fantasmas que me perseguem. Mas sempre depois de um dia de sol vem a noite e volto a dormir. Logo, eles vêm.

Noto que quando mais acho que lhe conheço, descubro que nada sei de você.

M. Sofia

14.09.2010

Madalena Sofia Galvão Viana
Enviado por Madalena Sofia Galvão Viana em 14/09/2010
Reeditado em 15/09/2010
Código do texto: T2498288
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