um domingo de manhã
Parei de beber e, depois de todo esse tempo, ainda me encontro doente.Não de uma doença fisica ou que precise de algum tipo de prescrição ou que tenha uma lembrança de um médico falando, enquanto olha pro relogio, "vocÊ está doente". Não, minha doença sé de previsibilidade, quase uma paranormalidade...meus dias estão cada vez mais previsiveis desde que minha mão sinaizou um "não' entre minha boca e um copo de cachaça oferecido por alguém que não imaginava essa mudança.
Agora é hora de conviver com essa enfermidade que se agrava quando se sai com as mesmas pessoas de antes , quando não conheces alguma mulher nova e interessante, coisa que tem sido raro, beirando o impossível esses dias. Conheço mil pessoas e outras duas mil me conhecem..relações fincadas em alguma antiga noite de bebedeira que me deixava extremamente simpatico e, mais que tudo, deixavam os outros mais simpaticos.
E é estranho agora essa nova regra em minha vida, esse " a vida como ela é", essa contemplação do que ja fui e, talvez covardemente, tenho deixado de ser. Eu precisava estar bebado para me fazer entender, mas agora as letras tomam rumos e significados diferentes e acho que até devo concordar aquela mulher que disse " Você perdeu seu charme" . Foi bizarro escutar isso vindo de alguém que sempre cuidava de mim quando minhas pernas queriam ir por caminhos diferentes.
Bom, tento ver pelo lado que não terei ressaca 26 dias por mês, que agora volto sozinho( mais sozinho porque agora sei como cheguei em casa) , que agora sei comoé o cheiro de um domingo de manhã...
Agora não me preocupo com a ressaca que se colocava em primeiro plano, impedindo que eu visse o quão miseravelmente só eu sou ao deitar e ao acordar.