A Exceção.
O livro se chama A Exceção. O autor é um jovem dinamarquês, Christian Jungersen. É um livro grosso, não muito fácil de ler. É o seu segundo livro. Por que o comprei? Porque desenvolve um tema que acho fascinante: a banalidade do mal.
Durante a minha vida, curtíssima em relação à História e a Eternidade, passei por várias crenças. Em discussões em sala de aula ou na mesa de um bar, sempre tendo uma opinião. A grande vantagem é que nem sempre fui da mesma opinião, ou seja, aprendendo coisas novas e descartando coisas velhas. Mas me lembro bem, no começo, afetada pela crença religiosa, sempre a idéia: o homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe. Mas a inquietude: afinal, quem forma a sociedade? Os homens reunidos. Logo, a dúvida. Nasceria mesmo o homem bom ou já traria consigo o germe da maldade?
O livro trata desse assunto sem levá-lo á discussão. Porque é um romance. Um romance de suspense psicológico. Nós, os leitores é que vamos percebendo as incoerências na vida dos personagens. E aplicando-as as nossas vidas.
Em Copenhague, um escritório trata de assuntos relacionados aos genocídios. Trata, portanto do mal. Fala sobre pessoas comuns, vizinhos, que levados por uma chama diabólica, aos poucos se matam uns aos outros. Motivos: Religião, etnia, cultura, dinheiro, poder, qualquer motivo serve. Então, pessoas comuns se tornam assassinas e acham que o que fazem é certo. Por quê?
Esse escritório é conduzido por um homem que é chefe de três mulheres. Pessoas que seriam a Exceção? Pessoas que trabalhariam contra o mal, que virou lugar comum? Sim, eles fazem de tudo para impedir o genocídio em qualquer parte do mundo. Agem de maneira corajosa, enfrentam. Mas, dentro daquelas poucas paredes, na convivência entre si, o mal se instala de uma forma nojenta. Para quem observa, é claro. Porque quem vive naquele escritório não consegue enxergar a sombra do mal cobrindo todos os espaços. O dia a dia daquele pequeno mundo é uma sucursal do inferno controlado por todas as deficiências humanas. Mas como são educados! Quem os visse sem ter acesso as suas conversas e aos seus pensamentos certamente adorariam trabalhar ali.
Conviver é muito difícil. Em todos os núcleos, em todos os níveis. Família, relações amorosas e de amizade, vida profissional. Já trabalhei em inúmeros lugares. Já fui subordinada, já fui chefe. E nada é diferente, em lugar nenhum. Sempre há uma surpresa, uma decepção. E você pensa: isso é a exceção. A maçã podre na caixa e que precisa ser jogada fora para não contaminar as outras. E aí, você retira a fruta podre e parece que tudo ficou bem. Era realmente a exceção. Só que logo depois aparece uma nova fruta podre e tudo precisa recomeçar de novo.
Nem mesmo sei por que estou escrevendo sobre esse assunto. Queria falar de outros, escrever sobre a Primavera que se anuncia. Ou sobre o fogo que se alastra em nossos campos, tornando o ar insuportável. Todos os anos é a mesma coisa. A seca transforma nossas paisagens em espetáculos pirotécnicos. Mas o fogo não brota sozinho. Alguém prepara a faísca. Mas por quê? Por que esse prazer solitário de colocar fogo nos campos provocando perigos.
As terras de minha família arderam este ano, outra vez. Labaredas imensas em direção ao céu. Mas eu não quis ver. Não fui lá. Cansei. Quando meu irmão vivia e morava lá, eu sempre ia, apoiá-lo. Era uma tristeza só, o medo de que o fogo se aproximasse e atingisse a casa de morada. Quando fiquei sabendo, nesta sexta, a única coisa que pensei foi: Deixa arder. Está tudo perdido mesmo. Ele já morreu e o mal está tomando conta do mundo.
Mas não quero ser assim. Não gosto de ser assim. No entanto esse ambiente de agora concorre para essa vontade de não mais ser. Talvez seja a política. Esse tempo de eleições. Parece que nessa época toda a hipocrisia do mundo vem à tona. O que as pessoas não fazer para obter o tal de poder? E para que, eu pergunto, para que?...Ah, que a Primavera chegue bem depressa trazendo as flores...
O livro se chama A Exceção. O autor é um jovem dinamarquês, Christian Jungersen. É um livro grosso, não muito fácil de ler. É o seu segundo livro. Por que o comprei? Porque desenvolve um tema que acho fascinante: a banalidade do mal.
Durante a minha vida, curtíssima em relação à História e a Eternidade, passei por várias crenças. Em discussões em sala de aula ou na mesa de um bar, sempre tendo uma opinião. A grande vantagem é que nem sempre fui da mesma opinião, ou seja, aprendendo coisas novas e descartando coisas velhas. Mas me lembro bem, no começo, afetada pela crença religiosa, sempre a idéia: o homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe. Mas a inquietude: afinal, quem forma a sociedade? Os homens reunidos. Logo, a dúvida. Nasceria mesmo o homem bom ou já traria consigo o germe da maldade?
O livro trata desse assunto sem levá-lo á discussão. Porque é um romance. Um romance de suspense psicológico. Nós, os leitores é que vamos percebendo as incoerências na vida dos personagens. E aplicando-as as nossas vidas.
Em Copenhague, um escritório trata de assuntos relacionados aos genocídios. Trata, portanto do mal. Fala sobre pessoas comuns, vizinhos, que levados por uma chama diabólica, aos poucos se matam uns aos outros. Motivos: Religião, etnia, cultura, dinheiro, poder, qualquer motivo serve. Então, pessoas comuns se tornam assassinas e acham que o que fazem é certo. Por quê?
Esse escritório é conduzido por um homem que é chefe de três mulheres. Pessoas que seriam a Exceção? Pessoas que trabalhariam contra o mal, que virou lugar comum? Sim, eles fazem de tudo para impedir o genocídio em qualquer parte do mundo. Agem de maneira corajosa, enfrentam. Mas, dentro daquelas poucas paredes, na convivência entre si, o mal se instala de uma forma nojenta. Para quem observa, é claro. Porque quem vive naquele escritório não consegue enxergar a sombra do mal cobrindo todos os espaços. O dia a dia daquele pequeno mundo é uma sucursal do inferno controlado por todas as deficiências humanas. Mas como são educados! Quem os visse sem ter acesso as suas conversas e aos seus pensamentos certamente adorariam trabalhar ali.
Conviver é muito difícil. Em todos os núcleos, em todos os níveis. Família, relações amorosas e de amizade, vida profissional. Já trabalhei em inúmeros lugares. Já fui subordinada, já fui chefe. E nada é diferente, em lugar nenhum. Sempre há uma surpresa, uma decepção. E você pensa: isso é a exceção. A maçã podre na caixa e que precisa ser jogada fora para não contaminar as outras. E aí, você retira a fruta podre e parece que tudo ficou bem. Era realmente a exceção. Só que logo depois aparece uma nova fruta podre e tudo precisa recomeçar de novo.
Nem mesmo sei por que estou escrevendo sobre esse assunto. Queria falar de outros, escrever sobre a Primavera que se anuncia. Ou sobre o fogo que se alastra em nossos campos, tornando o ar insuportável. Todos os anos é a mesma coisa. A seca transforma nossas paisagens em espetáculos pirotécnicos. Mas o fogo não brota sozinho. Alguém prepara a faísca. Mas por quê? Por que esse prazer solitário de colocar fogo nos campos provocando perigos.
As terras de minha família arderam este ano, outra vez. Labaredas imensas em direção ao céu. Mas eu não quis ver. Não fui lá. Cansei. Quando meu irmão vivia e morava lá, eu sempre ia, apoiá-lo. Era uma tristeza só, o medo de que o fogo se aproximasse e atingisse a casa de morada. Quando fiquei sabendo, nesta sexta, a única coisa que pensei foi: Deixa arder. Está tudo perdido mesmo. Ele já morreu e o mal está tomando conta do mundo.
Mas não quero ser assim. Não gosto de ser assim. No entanto esse ambiente de agora concorre para essa vontade de não mais ser. Talvez seja a política. Esse tempo de eleições. Parece que nessa época toda a hipocrisia do mundo vem à tona. O que as pessoas não fazer para obter o tal de poder? E para que, eu pergunto, para que?...Ah, que a Primavera chegue bem depressa trazendo as flores...