AGOSTO JÁ VAI TARDE.

 


Por Carlos Sena



Pra muita gente o mês de agosto já vai tarde. Preferimos vê-lo em função do folclore que se estabeleceu, face às coincidências aziagas ocorridas. No Brasil, agosto pode ser considerado o mês do azar em decorrência da morte do presidente Getulio Vargas, ocorrida no dia 24 de agosto do ano de 1954.  O dia 24 de agosto é o dia de todos os Exus nos candomblés brasileiros. “Por esses e por outros incontáveis motivos, que seriam mais bem chamados de coincidências, surgiram as superstições”.

Uma boa parte das pessoas não se liga na relação “causa e efeito” dos acontecimentos do mês de agosto. Da mesma forma que a folclórica sexta-feira 13 não incomoda muita gente, principalmente sendo no mês de agosto.

Independente de opinião particular, temos o sentimento de que muita coisa boa acontece em cada mês, bem como muita coisa ruim. O próprio sentimento do que seja bom e ruim é relativo, pois supõe uma série de ingredientes para que se estabeleçam posições definidas.

No sentido de lembrar a todos, segue abaixo alguns fatos importantes do mês de agosto na história do Brasil:

1943 - Em agosto de 1943 o navio "Cidade de São Paulo" chocou-se com uma das alas da Escola Naval. Dezoito pessoas morreram inclusive Dom José da Fonseca e Silva, arcebispo de São Paulo, além de muitos feridos.

1952 - Durante o mês de agosto de 1952 caiu um DC-3 em Goiás, matando vinte e quatro pessoas e, em São Paulo, caiu um avião Presidente com um saldo de quarenta e seis mortos e trinta feridos.

1954 - Como resultado de uma crise política que assolou o país, suicidou-se, às 08:30 horas do dia 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, o então presidente da República Getúlio Vargas, renunciando, assim, não somente à presidência da República como também à vida.

1954 - No dia 24 de agosto de 1954 morreu, no Recife, em pleno exercício do mandato, no Palácio do Campo das Princesas, de infarto fulminante, aos 58 anos de idade, o então governador Agamenon Magalhães, “a maior cabeça política que Pernambuco já teve”, segundo definição de Miguel Arraes.

1955 - Em agosto de 1955 cinco pessoas morreram no incêndio da boate Vogue, dentre elas o cantor americano Warren Hayes.

1958 - Em agosto de 1958, uma violenta explosão seguida de um pavoroso incêndio, num paiol de pólvora do Exército em Marechal Deodoro, matou dezenas de pessoas, deixando milhares de desabrigados.

1959 - Em agosto de 1959, um incêndio que destruiu uma fábrica de tintas, no Rio de Janeiro, fez cinco vítimas, entre as quais três bombeiros.

1961 - Forças estranhas fizeram com que o presidente Jânio Quadros renunciasse à presidência da República no dia 25 de agosto de 1961.

1963 - Em agosto de 1963 dez pessoas morreram em conseqüência de um choque entre aviões da Força Aérea Brasileira, em Viçosa, Alagoas. 

1963 - Um DC-8, no dia 21 de agosto de 1963, quando tentava vôo com destino à Europa, caiu no Galeão matando doze pessoas. 

1963 - No dia 4 de agosto de 1963 dois aviões de treinamento da FAB se chocaram em Jacarepaguá ocasionando a morte de seis aspirantes da Aeronáutica. 

1965 - Em agosto de 1965, um avião da TAP caiu em Cuiabá, fazendo oito vítimas.

1965 - Em agosto de 1965 o navio "Duque de Caxias" pegou fogo em Cabo Frio, quando trinta pessoas perderam a vida.

1976 - Vítima de um desastre automobilístico, Juscelino Kubitscheck faleceu no dia 22 de agosto de 1976.

Como sabemos, o que dá pra rir dá pra chorar. Essa dualidade geralmente nos remete a outras derivações tipo: DEUS E O DIABO, NOITE E DIA, VIDA E MORTE, SECO E MOLHADO, AZAR E SORTE, NOITE E DIA, PRETO E BRANCO, PARTIDA E CHEGADA, AMOR E ÓDIO, etc. - O que nos compete nessa dualidade? - Certamente o equilíbrio que norteia a vida com razoável sucesso. Ser o meio dessas questões requer sabedoria. Não a sabedoria dos intelectuais, mas aquela que vem como consequência do sentimento do mundo. O mesmo sentimento que leva algumas pessoas a terem medo do mês de agosto e da sexta feira treze, enquanto outras vêem pelo lado folclórico, posto que somos um país extremamente sincrético em sua religiosidade.

Pelo sim, pelo não, Agosto que se  vá com Deus!