Considerações de uma virginiana cansada de guerra
 





Finalmente chegou minha vez de botar pra fora anos e anos de muitos sapinhos engolidos, mesmo não sendo astróloga tenho meus direitos e afinal, faço aniversário daqui alguns dias. Não ter um diploma em astrologia permite que eu expresse livremente o que eu sinto, não vou esconder que leio bastante sobre o assunto, detesto horóscopo de revistinha porem respeito os que levam a sério esta ciência que nada tem de sobrenatural. Infelizmente algumas pessoas usam chavões para criar arquétipos, falando em ‘’astrologues’’ e traçando o perfil de algum alvo ocasional. Este mês são os virginianos que estão na berlinda.

Vou começar pelo rótulo de chata. Qual o problema em ser ponderada e sempre enxergar os dois lados da moeda antes de concordar com tudo? Constatar prováveis enganos e não sair comprando qualquer idéia sem avaliar os ricos é sinal de insegurança?.   
Ora, se isto é ruim porque sempre nos procuram para mostrar  projetos e pedir opiniões? O virginiano é racional, somos práticos e não exibimos aquela euforia básica com tudo que nos contam. Medimos, analisamos possíveis  falhas e é claro criamos um plano opcional. O famoso plano B. Que confundem com pessimismo.

Uma vez saí de férias para visitar o Egito, conexão em Madrid e endereços de hotéis nas duas cidades com preços e todas as informações necessárias. Ocorreu um problema no Cairo e jogaram uma bomba no mercado Khan el Khalili, o hotel em que eu estava hospedada era bem no meio da confusão. Imediatamente voltei para Madrid e aproveitei para visitar Sevilha e outras cidades ao redor. Não perdi a viagem mas disseram que já embarquei esperando problemas, tudo porque eu também tinha bilhetes para Andaluzia. Para mim é natural ter uma segunda opção, principalmente se vou viajar para um lugar onde ocorrem conflitos.

O personagem Monk é o típico virginiano!- Esta acusação é muito maldosa, apenas  porque ele é maníaco por limpeza entre outras neuras, esquecem muitas qualidades virginianas. Tanto minha casa quanto de outros amigos de signo são normais, eu diria que a decoração pode ser considerada neutra, sem bibelôs e primando pela praticidade. Não sei os outros,  mas na minha bagunça encontro tudo quando preciso, não tenho roupas penduradas por cores nem comida estocada com as datas de validade grifadas, sou especialmente atraída pelo sóbrio mas arrisco um vermelho de vez em quando. 

Ah! gosto de  pesquisas sobre alimentação, saúde e vida saudável . Sempre apostei no chocolate amargo, nunca acreditei que o abacate fosse um vilão, grãos integrais são velhos conhecidos e já experimentei vários tubérculos nacionais e estrangeiros. Comer é um grande prazer, o alimento em si e suas variações me fascinam. Adoraria aprender culinária, já viu um grande cozinheiro em ação? Medidas perfeitas, tempo de cozimento, mil detalhes intrigantes para agradar o paladar mais exigente. É quase cirúrgico, mas este assunto vai levar a uma palavra desagradável: Hipocondríacos. Qual o mal em ler todas as bulas e conhecer os efeitos colaterais e todas as implicações? Um virginiano com certeza conhece os sintomas de um infarto, isto é prevenção ou mania de doença? Não respondam.

Enquanto implicam com nosso jeito de ser, os amigos sabem que críticas são nosso ponto fraco, embora eles encarem como brincadeira, nós analisamos se há um fundo de verdade. Falam que levamos tudo a sério, mas sabem que nossa amizade é verdadeira e generosa. Se soubermos  nos respeitar seremos amigos a vida inteira: dedicados, ótimos ouvintes, com a tendência ruim de mimar e não impor limites aos abusados.

Outro aspecto doloroso,  porém verdadeiro, é que muitos apontam o signo de virgem como o empregadinho do zodíaco. No afã de agradar e ser útil,  muitas vezes acabamos servindo de capacho para aproveitadores. Ainda bem que tudo um dia cansa e quando a fita cai, damos um basta e dificilmente caímos no mesmo erro. Sinceramente perder a amizade de um virginiano já deixou muita gente de mãos atadas, somos tão empenhados que nos tornamos essenciais sem sentir. Neste momento enxergo claramente que amizade é troca, para o bem de todos e principalmente da nossa paz de espírito, precisamos aprender a pedir ajuda de vez em quando. Nada mais virginiano que remoer culpas.

Exigimos o máximo de nosso potencial, dissecamos nossas relações e conduta, procuramos antever os resultados dos projetos pessoais e somos reservados. Observamos mais que falamos, mas quando abrimos a boca é pra valer, podemos ser tanto espirituosos quanto maliciosos. A fina ironia que poucos entendem nos diverte, nosso silencio é confundido com apatia, desinteresse, altivez ou chatice. Rodeados por tantos  ''adjetivos'', me pergunto...será que merecemos todos?

Algumas vezes sinto que um grande computador está sempre ligado em meu cérebro e ele jorra informações e idéias ininterruptamente. Mas isto tem jeito, é só dar muito trabalho para o danadinho, ler muito, escrever sempre, conversar com mil pessoas, trocar idéias, caminhar, fazer jardinagem (pobre plantas perfeitas) e aceitar com amor aquilo que sou: Uma virginiana  em busca de conhecimento, crescimento e acertos.

Mutável e por isso mesmo, fã de novidades em tecnologia, medicina e tudo que o mundo possa oferecer. Isto não é chato, é súper interessante! E eu adoro.

Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 27/08/2010
Reeditado em 20/02/2011
Código do texto: T2462972
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.