### NOITES DE INSÔNIA ###

 

 

Na madrugada fria, aquele homem sonha... Sonha com o mar, sonha com a vida. A mesma vida que ele poderia ter tido, e não teve. Os sonhos que ousara acalentar no seio, um dia, e que lhe escaparam das mãos. A imagem da mulher amada, a paixão que já não vive. As emoções que não mais sente.

 

A janela de seu quarto é o único elo que o liga ao mundo lá fora, a sua internet banda larga; o burburinho que vem da rua, em ressoar constante, é o ponto eletrônico em seus ouvidos, trazendo-lhe as noticias da noite. Um casal discute no andar de cima; a criança chora no apartamento ao lado. Seus ouvidos são o satélite que lhe traz novidades.

 

Na rua, os carros passam em velocidade assustadora. Cantam os pneus no tapete de asfalto, chamando a atenção de todos para si. Homens solitários à procura de sexo; os bêbados e drogados, cafetões e prostitutas em busca de dinheiro e diversão. No bar da esquina – aberto vinte e quatro horas - a música estridente da “jukebox” convidava para um tango dramático, vibrante. Noctívagos em eterna boemia – quão longa é a noite!

 

Em sua alma o poeta cultiva a solidão – o bem mais caro que possui. Aquilo ninguém lhe tiraria, jamais. Ele respira solidão em suas infindáveis noites de insônia.  Recusa-se a dormir, ainda que o sono ouse lhe dominar, pois ela é a sua mais fiel companheira. Através das noites insones ele mantêm contato com o mundo, que deixou para trás e que o esquecera – há muito!

 

     As extenuantes noitadas de boemia com mulheres de toda espécie, regadas à bebida que lhe havia derrotado, os gastos excessivos que mantinham sua vida desregrada, tornaram-se apenas lembranças remotas – quase apagadas. 
Tampouco sente falta de tudo isso.

 

     Hoje, resta-lhe essa interminável insônia que o mantêm vivo. Retroceder, não é possível. Recomeçar... Quem sabe? Por ora, o poeta acende mais um cigarro – único vício que lhe restara – e retorna a sua velha máquina de escrever. A modernidade não lhe atrai... Acomoda-se na cadeira diante da mesa e escreve mais um capítulo de sua história. A história que vem se prolongando, em cada noite de insônia vivida.

 

(Milla Pereira)

 



Este texto faz parte do Exercício Criativo - Insônia
Saiba mais, conheça os outros textos:
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AMIGOS

Desculpem-me pela ausência

de suas escrivaninhas, no dia de hoje.

Meu computador foi infectado e não acessa nada.

Vou levá-lo à assistência técnica.

Este texto foi postado na lan house.

Bom dia a todos.

 

(Milla)