SER OU NÃO SER (texto premiado)
Com esse texto alcançei a classificação para representar a minha faculdade no concurso municipal de oratória...aproveitem.
SER OU NÃO SER
Ser ou não ser, eis a questão. As leves brumas do tempo carregam por mais de quatrocentos anos a célebre provocação de William Shakespeare.Ou seja, o cicio do chamado inquiridor do poeta ainda nos impinge a atitude crítica quanto à existência e à consciência do nosso papel como seres pensantes e aptos a tomar atitudes.Crer ou não crer na política? Eis a questão que instiga nossas desconfiadas almas, aflorando em cada olhar uma aura investigadora que exprime a verdadeira essência do cidadão consciente de que algo “não vai bem” na política atual.
Por sua vez, Manuel Bandeira nos convidou à reflexão de que, chocado, o bicho,” que não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem”; trazendo à luz a dura realidade de um ser humano que revira o lixo em busca de algo que sacie a devoradora fome – carcomendo corpo e espírito.
Através do abandono que encontramos em nossa sociedade, percebemos que não foi apenas Shakespeare o único capaz de criar histórias que emocionam as pessoas, re-apresentando a humanidade a si mesma. De tempos em tempos, ouvimos falar de um mundo quimérico, onde todos são felizes e os problemas críticos da civilização são facilmente resolvidos. Grandiosos comícios enfeitados com cores partidárias ostentam dedos em riste, transmissores de promessas oníricas, que nos preparam, muitas vezes, mais uma armadilha, sendo que muitos tentáculos ludibriadores nos aprisionam até o presente. Os nossos pés podem estar tolhidos, porém nossas vozes ainda ressoam e nossas mãos estão libertas, suscitando assim mais uma relevante questão: o que fazemos ou podemos fazer para melhorar a situação?
Sem muito esforço, alguns cliques para ser mais exato, podemos dar um gigantesco passo rumo à cidadania, visitando os Portais de Transparência na Internet, inteirando-nos também dos projetos, dos acertos e dos erros dos representantes parlamentares, eleitos através do exercício da nossa cidadania pelo voto.
Conforme o dicionário Aurélio, o verbete “cidadania” é definido como qualidade ou estado de ser cidadão, e o “cidadão” por indivíduo no gozo dos direitos dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este.
Assim, ficamos na encruzilhada tebana, medindo olhares e possibilidades letais entre o direito de cidadania e exclusão social. E se não a decifrarmos?
Por ora, vivemos na era da informação, e ouso aqui afirmar, que esta mesma informação é uma das mais importantes bases da consciência política, pois de nada adianta lançarmos impropérios contra a administração pública, se não buscarmos o mínimo necessário de embasamento aos nossos questionamentos, caindo assim em uma hipocrisia infundada.
Busquemos conhecer os futuros representantes com afinco, coletando, dessa forma, dados para lutar pelos nossos direitos como eleitores. Para que advenha desse ato eleitoral validar o bem comum. Pois a prática atual foge muito dos preceitos que configuram a democracia.
Conscientes e preparados, resta-nos apenas escolher se “lavaremos nossas mãos” para melhor cobrirmos os olhos ou se colocaremos de vez nossas mãos à obra na esperança de mudar a atual e a futura realidade política: exigindo e agindo como cidadãos.
Michel Ribas