EM CIMA DE JABOR.
Recebi um ótimo texto, atribuído a Arnaldo Jabor. Fico sem poder assegurar que seja dele porque na NET, infelizmente, tudo é modificado, alterado. Outro dia correu um texto sobre Dilma Roussef atribuído a Marília Gabriela. Ela ficou “tiririca” e logo desmentiu pela mídia, pois se tratava de uma mensagem denegrindo a imagem da candidata. Particularmente gosto de ser fiel aos autores, pois não me agrada ver textos que escrevo sendo veiculados sem meu nome ou em nome de outros. Independente disto, a Internet tem vários lados positivos e é em cima deles que devemos nos calcar para ser mais feliz, mais comunicativo, mais contribuinte do bem sem olhar a quem. Aqui, literalmente, a gente pode exercitar a bíblia “fazendo o bem sem olhar a quem”. Há os que fazem o mal, mas isto é destruído por si só como todo mal.
No que interessa sobre o texto de Jabor, intitulado BARRIGA É BARRIGA, trata-se de uma prosa acerca de uma entrevista que Chico Anísio concedeu ao Jô Soares. Com certeza as proezas de Chico, com toda sabedoria peculiar ao bom cearense, eivam o texto com todas as “tiradas” do humorista acerca da moda do corpo sarado, da academia. Mesmo do caminhar para queimar calorias e ter vida saudável. Jabor, no seu estilo peculiar, por vezes sarcástico, mas sempre primando pela inteligência, faz uma apologia a si mesmo que, provavelmente, tem uma protuberância abdominal elevada - no popular, uma barrigona. Dá-nos a entender que quem é sedentário, tem uma barriguinha e gosta do ócio, fica feliz diante de informações supostamente contrárias ao exercício físico. Até eu fiquei. Não que seja gordo e tenha barriga preocupante, mas porque me sinto bem caminhando, embora ache que o problema não esteja no “caminhar”, mas na nossa equivocada cultura alimentar. A gente se alimenta mal desde a infância. Os nossos pais não se preocupam em nos educar ingerindo pouco sal, pouco açúcar, pouca gordura, pouco carboidrato. Quando a gente cresce, que o corpo se estabiliza, queimar calorias fica mais difícil. Então, entramos na fase do “penar” pelas academias e calçadões da vida. Algumas vezes fazemos caminhadas e, ao chegar em casa, a mesa está farta de tudo que não podemos comer, mas comemos. O que gastamos caminhando, recuperamos comendo. Estabelece-se, não raro, o efeito sanfona, meio “cachorro correndo atrás do rabo curto”.
Jabor faz meio que uma ODE ao ócio. Cita neste sentido, o famoso baiano Dorival Caymmi que "adorava passar horas deitado na rede. Nunca fez exercícios e morreu com 90 anos. Chico Anísio teria assegurado que “o exercício físico é o primeiro passo para a morte” e completa: “raramente se conhece um atleta que tenha chegado aos 80 anos; há personalidades longevas que nunca fizeram exercício”...
Contudo, independente da justificativa que deve agradar aos que têm vida sedentária, os aspectos curiosos e até humorísticos, não podem deixar de ser mencionados. Deste modo, condensamos esses aspectos que a seguir delineamos:
01 - A tartaruga com toda aquela lerdeza vive 300 anos. Alguém conhece algum coelho que tenha vivido 15 anos?
02 – A baleia bebe só água, só come peixe, faz natação o dia inteiro, e é GORDA! O elefante só come verduras e é GORDOOOOOOOOO!
03 - Não fique chateado se você passar a vida inteira gordo. Você terá toda a eternidade para ser só osso!
04 - Você, menina bonita, tem pneus? Lógico, todo avião tem! E lembre-se sempre: Celulite quer dizer "EU SOU GOSTOSA"! Em braile!
05 - E nunca se esqueçam: Se caminhar fosse saudável, o carteiro seria imortal.
Certamente que não podemos, atualmente, com nosso tipo de vida preponderantemente sedentário, abrir mão de exercícios físicos sob as mais diversas formas. Não falamos da ditadura do corpo, do saradismo. Isto o tempo se encarrega de derrubar. Temos que nos cuidar sim, pois a medicina avançou muito neste sentido levando-nos a compreender os males desse viver sedentário. Cada caso é um caso e o modo de vida que se leva é o fator determinante para que nos cuidemos desta ou daquela maneira. Mas se de todo, nossa barriguinha nos dá prazer, nossa glicose não pode prescindir de um pouco de cerveja, nosso colesterol não passa sem uma boa feijoada, então não nos culpemos. Viver sem culpa é tão salutar quanto...
Carlos Sena, “Em cima de Jabor”...