MUNDO CÃO-Neila Costa
Sob a ótica da minha introspecção, sobrenado à enchente da maldade humana, em tempos onde o mundo poderia ser um Paraíso, mas, o ar não se rarefaz e me sobrecarrego com o peso do fado da “ação humana”, que hiberna na imensidão de mundos surdos e a alma triste e desconsolada do homem, resmunga e a Deus grita por sua absolvição.
Época pálida, cingida por células, mergulhada em acontecimentos vis, com sons que ecoam e adentram pelas madrugadas repletas de “onças pintadas”, camufladas pelo farfalhar das suas vestes e das suas armas e pelo vermelho das sirenes luzidias.
Por onde anda a calma das ruas, das favelas, das cidades, das famílias imersas em tecnologias? Por onde anda a paz que já não consumimos como antes; que a sentimos na alma, embrulhada, fria, sem regurgitá-la; que deambula pelas veias a tremular por uma nova forma de saída. Por onde anda essa paz que dorme em “berço esplendido, ao som do mar e à luz do céu profundo”, que faz falta ao nosso dia a dia... Sem ela o medo impera e as pessoas padecem, enclausuradas, em suas casas. Obstruíram sua passagem por atos e ações horrendas! E hoje, para tê-la de volta, seria necessário uma metamorfose para extirpar o tumor da violência da nossa vida e ter de volta o prazer de cumprimentar o outro, o abraço amigo, o aperto de mão e nunca mais presenciarmos os desvarios noticiados sobre as drogas, estupros, roubos, homicídios. Ver de novo no olhar de cada um a candura da criança, o respeito do jovem, etc., para aconchegarmos a esperança de um mundo melhor... Um mundo em berço de ventura!
Hoje, é inevitável dizer que a conseqüência de vivermos em uma época de almas trêmulas, solitárias, absorvidas em silêncios inquebrantáveis, é do próprio homem que digere do seu prato do dia, uma inconformidade à vida, que é de pouquíssimos instantes de tranqüilidade, pois como sabemos quem governa o mundo é a insegurança e o temor pelas drogas. A razão, todos sabem, pois é citada diariamente pelos meios de comunicação.
A droga se apodera da mente dos jovens, crianças e adultos e essas se transformam em demônios. Portanto, as noticias inéditas que nos deixam perplexos e mais parecem novelas, infelizmente, são reais e nos atemorizam, pois somos nós os seus próprios protagonistas!
Hoje, já não sei se jaz o homem ou se jaz o mundo... mas sinto que tudo caminha, inexoravelmente, para o final...
Sim, pobre é o homem que a si condena,
Que não enxerga do mal, seu desatino...
Que não sente a dor alheia, mas pena
Sobre o que plantou para o seu destino.