CRÔNICA DE DEVANEIOS LOUCOS!

 

Ergo-me da letargia mórbida em que vivia, vislumbrando no horizonte, novas chances de refazimento de  minhas forças. Gloriosa alavanca que me despertou deste pesadelo do qual, pensei, jamais  pudesse me libertar.

 

Saio correndo por vias escuras, que se iluminam quando me vêem passar. Abro os braços, grito de alegria! É o dia... É o dia! Busco expulsar todos os fantasmas que em mim viviam, abrindo espaço para a realidade, cruelmente esquecida em uma gaveta pequena e escura, onde o mofo das lembranças tornara-se o único dono e senhor.

 

Ali, meus sentimentos mais impuros, haviam feito morada; a escravidão de meus sentidos era cada vez mais forte. Atava-me as mãos atrás de minha cabeça, sem dar-me a menor possibilidade de movimentos. Tolhia-me o âmago mais profundo e a liberdade, tão desejada, parecia-me algo inacessível. Jamais a alcançaria!

 

Repentinamente, vi-me naquele corpo inerte, quase morto e experimentei o pior dos sentimentos – a auto piedade; olhei-me no espelho e tive medo. Eu não me reconhecia... Meus pés estavam presos como se bolas de ferro os segurassem ao chão. Seria patético, não fora tão dramático!

 

Mas eu acordei da apatia, da indolência extrema, que quase me anulava. Arrebentei correntes, quebrei tabus, libertei-me dos padrões pré estabelecidos, ditados que são pela ignorância dos poderosos, dos ineficientes. O sagrado não existe para se cultuar e prometer oferendas. Sagrados são os meus sentimentos, a minha vontade de ser. Sagrada é a minha vida!

 

Chorem os torturadores, os imbecis e os sequestradores de almas cândidas. Que se danem os predadores do pensamento livre, da liberdade de ir e vir. Os vis e imprestáveis laços já não me atam mais.

 

Saio dos outros, para viver em mim! A vida me sorri novamente!

 

 

N.A. Devaneios, apenas; nada pessoal