Palavra por palavra

Durante muitos e muitos anos o que eu mais pensava na vida era que eu tinha que agradar alguém. E isso foi uma das coisas que eu mais tentei fazer até algum tempo atrás. Muitas coisas aconteceram neste ano, em especial nestes últimos meses. Já mencionei que escrever foi uma coisa muito especial em minha vida, e quanto mais eu escrevo, mais sei de mim mesmo. Nestas últimas duas semanas eu não fiz outra coisa além de tentar terminar um conto para participar de um concurso, infelizmente, até onde eu sei, não posso postá-lo aqui, mas o que valeu foi que eu superei o meu desafio. Entre tantos outros, este foi mais um. Bem difícil para ser verdadeiro. Mas não é sobre isso que eu quero falar. O que eu quero dizer aqui, tem até coisa a ver com isso, mas é um pouco mais profundo.

Neste tempo que eu fiquei escrevendo o conto e que não postei nada, algo de muito estranho me aconteceu. Durante o processo, também pude perceber muitas mudanças em mim. O que eu mais senti falta e que mais me pesou todo este tempo foi que eu fiquei perdido em meus pensamentos, não conseguia me sentir de fato. Daí, percebi, por fim, o que estava me acontecendo: eu senti muita falta de escrever. Não, não simplesmente assim, pra poder postar alguma coisa. Percebi que quando não escrevo, deixo de me decifrar. E todas as grandes coisas que eu passei nestes dias, praticamente foram dissolvidas no ar, sem serem digeridas. Não dá mais para viver sem isso. Meu processo, longo e demorado, de autoconhecimento não é só um compromisso vivido. Se não leio os meus entendimentos, demoro mais tempo para assimilar o que eu aprendi. Como algumas pessoas sabem, não escrevo só para este blog, tenho as minhas anotações, aquelas mais íntimas sobre o meu aprendizado da vida. Senti-me um ser sem alma, foi assim que eu me senti durante tanto tempo sem esboçar uma nota sobre o que vivi, ou sequer alguma coisa que eu tive idéia. E todas essas coisas, mesmo que eu tente resgatá-las, não saíram da forma que deveria ter sido escritas. O aprendizado não estará completo de informações.

Parece loucura (como quase tudo o que eu penso ou faço), mas é a pura realidade. Tenho um acordo comigo mesmo que é escrever sempre que possível. Agora, vivido de minhas frustrações, o que posso dizer é que o meu compromisso comigo será o de escrever até mesmo quando me for impossível. Tentativa ousada? É impossível suprir o impossível? Dane-se, não pretendo mais nada além de produzir e me esvaziar. Esta última palavra no sentido de esvaziar o copo para tornar a enchê-lo. Pois é assim que me sinto mediante minhas palavras. É como se meu interior comunicasse comigo, me dizendo o que eu até então não havia percebido. Não tenho um mestre, não um que me diga passo a passo o que fazer, tenho somente a mim, este que eu tão pouco conheço e que tanto desejo conhecer. Minhas palavras soam alteradas, descabidas, mas não são vazias para uma pessoa em especial. Estas palavras são minhas e direcionadas a mim mesmo. Pode ser que um dia elas venham a fazer algum sentido para outra pessoa que não eu, mas isso é uma outra história. Sei que não consigo satisfazer todas as pessoas que têm apreço por mim, mas este não é mais o foco em questão. Não é por aí que eu vou me embrenhar. Lamento se não estou mais atingindo as expectativas alheias, mas o meu objetivo agora é me compreender e satisfazer somente a mim. Afinal, quantas e quantas vezes não me senti frustrado por perder o apoio e a colaboração de outros. Agora, que me conheço um pouquinho melhor, sei que não preciso da aprovação nem da ajuda do meu exterior. Letra a letra decifrarei o meu interior e saberei sobre minha alma. Sei que é de lá que venho tirando as coisas que eu escrevo, até mesmo as bobagens. No mais, obrigado àqueles que me lêem e torcem por mim. Estou de volta...

Pedro HD Delavia
Enviado por Pedro HD Delavia em 22/08/2010
Código do texto: T2453650
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