1965

O tempo que precedeu o carnaval de 1965 foi vivido intensamente pelos que compunham as escolas de samba “O calhambeque” e a do Brejo Santo União Clube a fim de realizarem um bonito desfile. Tanto o carnaval de rua como o do BSUC foi fantástico.Junto às escolas de samba que estavam bem vestidas e encantaram os expectadores, em todos os sentidos, desfilaram o bloco BS, composto pelos estudantes universitários, o das virgens e o dos sujos.O salão do BSUC acolheu, além dos brejosantenses, pessoas das cidades circunvizinhas e estudantes vindo das capitais nordestinas onde estudavam os nossos jovens.

Foi um carnaval fabuloso!!! Inesquecível para aquela geração.

Não participei das festas carnavalescas do BSUC. Raimundo e eu havíamos noivado recentemente e preferimos cuidar dos preparativos para o casamento, embora não houvesse data prevista para o mesmo.

Limitei-me a colaborar com meus irmãos na confecção das fantasias, especialmente com Erivaldo que era componente do BS.Iderval era componente da escola de samba do BSUC.

Tivemos a honra de hospedar entre nossos familia-res, Agostinho, um colega de Erivaldo que encantou a todos nós.

Terminadas as férias, voltamos às nossas atividades.Erivaldo voltou a Fortaleza de onde me escreveu saudoso, falando do carnaval e comparando-o a um documen-tário do carnaval do IV centenário do Rio de Janeiro.Ider-val já tinha sua responsabilidade como homem de negócios.Marizete e Maria Lúcia estavam iniciando a tercei-ra série ginasial no Colégio Pe. Viana. Eraldo e Ernandes também voltaram às suas aulas e a nossa pequenina Neurian iniciava as suas aulas no jardim da infância. Parecia mais uma bonequinha que uma estudante.

Quanto a mim, continuava com minhas aulas de Mate-mática, pela manhã, no Ginásio Pe. Abath e, à tarde, no Pe. Viana. À noite assumi aulas de Biologia e Metodo-logia do Cálculo nas Escolas Normais Pe. Abath e Pe. Viana.

No mês de maio tive uma feliz surpresa: fui nomea-da pelo estado substituta efetiva da Escola José Matias Sampaio. Dois meses depois, às vésperas do meu casamento, recebi do Sr. Governador do estado a solicitação do laudo médico para fins de admissão como professora.

O coronel Virgílio Távora, fugindo à regra, não demitiu nenhuma professora do partido adversário ao seu. Pelo contrário, nomeou todas que haviam sido demitidas em pleitos anteriores e as recém-formadas. Todas as carências existentes em nossa cidade foram supridas, tanto na zona urbana como na rural.Tive a felicidade de ser nomeada pro-fessora para a mesma escola onde era lotada como substitu-ta efetiva. Afastei-me das aulas da tarde do Colégio Pe. Viana, no segundo semestre, para assumir uma sala de alfa-betização. Foi uma experiência muito diferente das vividas até ali, pois nunca havia lidado com crianças daquela fai-xa etária. Mas valeu a pena. Cresci muito e enriqueci meus poucos conhecimentos.

No dia vinte e cinco do mês de julho, domingo, festa do Sagrado Coração de Jesus, Raimundo e eu casamo-nos, assumindo diante de Deus o compromisso de construir-mos uma família cristã e de permanecermos juntos até que a morte nos separe.

Durante o segundo semestre conciliei as aulas do ginásio Pe. Abath (manhã), do José Matias Sampaio (à tarde) e dos cursos normais Pe. Abath e Pe. Viana (à noi-te) com os afazeres domésticos, de uma vez que agora eu era uma senhora casada. Graças a Deus tudo deu certo.

No natal tivemos a ceia em nossa casa entre paren-tes e amigos, inclusive os casaisinhos de namorados: Eri-valdo e Lêda e Chico (Dr. Lucena) e Socorrinha.

Mais um ano se foi e com ele a sensação de ter cumprido a missão.