LEIS DA ESPIRITUALIDADE
Por Carlos Sena
Para este domingo, suscitou-nos a vontade de discorrer sobre as quatro leis básicas da espiritualidade. São simples, usuais, presentes em nosso dia a dia, mas nos causam sérios conflitos quando não lhes introjetamos em nossas práticas de vida.
A primeira delas é
"A PESSOA QUE VEM É A PESSOA CERTA".
Pode ser a que está conosco ou mesmo a que poderá vir. Ninguém se aproxima de alguém por osmose, mas por necessidade humana de completude por um determinado tempo ou durante o tempo de nossa permanência na terra. Podemos dizer que neste sentido existe dentro de nós o mito do amor eterno, contrariando a naturalidade dos processos que são todos transitórios. Na verdade "pra sempre sempre acaba". Entender as dificuldades inerentes aos relacionamentos é fundamental, posto que dificilmente eles se estabeleçam no "mar da tranqüilidade". Uma ajuda seria o exercício de auto-análise, pois poderemos ser para os outros pessoa difícil, a despeito de sempre acharmos que o problema sempre esteja nos outros.
A segunda lei é
"ACONTECEU A ÚNICA COISA QUE PODERIA ACONTECER".
A gente diz sempre o contrário, quando nos surpreendemos com acontecimentos diferentes daqueles que almejávamos. Aceitar os acontecimentos é uma forma de sofrer menos. Amanhã a gente poderá entender a lógica formal dos acontecimentos e, talvez, usar o dito popular "Deus escreve certo por linhas tortas" com muita propriedade. O ser humano é conduzido na tridimensionalidade do tempo, mas isto nos escraviza ao passado e nos prende ao futuro levando-nos a deixar de ser feliz no presente. Para cada dia temos as preocupações naturais dele e o futuro a Deus pertence. Basta-nos a fé. Esta, sendo sólida nos conforta e dá forças para aceitar o que acontece e para modificar o que for permitido.
A terceira lei é
"TODA VEZ QUE VOCÊ INICIA É O MOMENTO CERTO".
A gente nasce com a capacidade de perceber o mundo e crescer na vida rumo aos melhoramentos interiores. Há melhoras positivas e negativas, mas dificilmente se dá estagnação. O erro e o acerto, o mal e o bem são os desafios que nos foram dados vencer pelo acerto e pelo bem. Sendo o erro comum à nossa natureza, despertar para o recomeço é imperioso. Portanto, sempre será o momento de algo bom acontecer. Sempre será hora da gente se melhorar em relação a cada um em particular e aos que nos cercam. Nunca a idade, sexo, posição social, capacidade intelectual, etc., devem ser impedimentos para fazermos acontecer. Quando esse "acontecer" não estiver no nosso âmbito de decisão, igualmente temos que aceitar. Como exemplo, uma gravidez supostamente fora de tempo. A criança nasce, cresce, converte-se num elemento estruturador daquela família... Não teria sido o momento certo de uma vida ser iniciada?
A quarta e última lei é
"QUANDO ALGO TERMINA, ACABA REALMENTE".
A única coisa na vida que é eterna é a transitoriedade. Se a vida não é eterna, como nós, pobres mortais, queremos sempre "amores eternos", "bens que nunca se acabem"? Certamente que é duro saber que o nosso grande amor nos deixou. A gente faz de tudo para que ele volte e às vezes isto dá certo. Um dia poderemos deixar aquela pessoa que tanto lutamos, sob pretextos diversos, inclusive porque não a amamos mais. E agora? "O risco que corre o pau corre o machado".
Compreender os momentos existenciais nos dá um refrigério e nos faz mais feliz. A gente sabe que de tudo que conquistamos na terra, só levaremos o amor que conseguimos semear; o bem que conseguimos fazer sem olhar a quem; o perdão que conseguimos dar aos que nos ofenderam; a palavra amiga que sempre tivemos para com os cansados e oprimidos; a fé que edificamos em Deus.
MUITA PAZ.