FUTURO
Em um universo onde a complexidade é quase absoluta, acreditar que seres humanos possam ter controle total sobre seu futuro, ou que podemos por princípios historicistas, analisando o passado, prever o futuro, é de uma quase irreal ingenuidade.
O passado pode, e realmente nos ajuda a entender o presente, e apenas nas questões mais corriqueiras e simples podemos ter alguma boa chance estatística de acertar a previsão do futuro.
Analisar fatos a posteriori, e afirmar que algo ocorreu em decorrência de que antes ocorreu tal outra coisa é fácil, pois abrimos não de uma infinidade de outros eventos, muitos deles totalmente sem conexão aparente, que direta ou indiretamente afetaram o nosso evento analisado a postariori.
Analisar o passado para a priori prever o futuro é pura especulação, é a aplicação da indução como causa científica ou verdadeira.
Indução não é nada. Trabalhar por indução é um exercício de futurologia abstrata e sem consistência. Por mais que algo tenha acontecido, induzir que ocorrerá de novo, e da mesma forma, é pura indução. Se visitássemos uma grande ilha, em que durante dias somente encontrássemos gansos negros, isto por si só não definiria que naquela ilha todos os gansos são negros. Apenas após um senso completo de todos os gansos, poderíamos afirmar que todos os gansos na ilha são negros. Induzir é sinônimo de especular algo.
Apenas a inferência e a dedução podem ser entendidas como coerentes.
Infelizmente não dispomos de meios, métodos, capacidade humana ou tecnológica para descobrir todas as interações diretas ou indiretas com cada evento, e nem tão pouco, formas de processá-las, otimizando a extração da maximização da probabilidade de algo vir a ocorrer em futuro, breve ou distante. Quanto mais distante o futuro, maiores serão as especulações e conseqüentemente as induções necessárias.
Seria algo como querer analisar o vôo de uma coruja, analisando-se a interação de cada partícula subatômica envolvida na coruja e no ar a sua volta. Impossível
Isto também vale quanto ao nosso futuro. Especular que por mais que planejemos, por mais que nos preparemos ou nos organizemos, teremos controle sobre o nosso futuro é pura ficção.
É uma maldade avassaladora dizer que alguém teve um futuro difícil, não conseguindo o que se planejou, porque não se preparou o bastante, ou porque não teve fé suficiente.
A complexidade é a nossa realidade. Jamais teremos domínio total sobre nossa própria existência, como não tivemos gerência sobre nossas origens. Quem dirá sobre toda uma sociedade.
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HAMILTON SANTOS
Concordo total e plenamente com sua observação... Não ter controle total, não nos dá o direito de abrir mão de trabalhar pela construção de nosso futuro e do futuro dos nossos irmãos...
Eu apenas tentei passar a idéia de que se mesmo trabalhando sério, não alcançamos o desejado, não é porque sejamos incompetentes ou nos tenha faltado planejamento, trabalho ou vontade, e sim porque estamos envolvidos em uma complexidade tal que nos é impossível ter controle sobre tudo.
Muito obrigado mesmo AMIGO Hamilton.
Em um universo onde a complexidade é quase absoluta, acreditar que seres humanos possam ter controle total sobre seu futuro, ou que podemos por princípios historicistas, analisando o passado, prever o futuro, é de uma quase irreal ingenuidade.
O passado pode, e realmente nos ajuda a entender o presente, e apenas nas questões mais corriqueiras e simples podemos ter alguma boa chance estatística de acertar a previsão do futuro.
Analisar fatos a posteriori, e afirmar que algo ocorreu em decorrência de que antes ocorreu tal outra coisa é fácil, pois abrimos não de uma infinidade de outros eventos, muitos deles totalmente sem conexão aparente, que direta ou indiretamente afetaram o nosso evento analisado a postariori.
Analisar o passado para a priori prever o futuro é pura especulação, é a aplicação da indução como causa científica ou verdadeira.
Indução não é nada. Trabalhar por indução é um exercício de futurologia abstrata e sem consistência. Por mais que algo tenha acontecido, induzir que ocorrerá de novo, e da mesma forma, é pura indução. Se visitássemos uma grande ilha, em que durante dias somente encontrássemos gansos negros, isto por si só não definiria que naquela ilha todos os gansos são negros. Apenas após um senso completo de todos os gansos, poderíamos afirmar que todos os gansos na ilha são negros. Induzir é sinônimo de especular algo.
Apenas a inferência e a dedução podem ser entendidas como coerentes.
Infelizmente não dispomos de meios, métodos, capacidade humana ou tecnológica para descobrir todas as interações diretas ou indiretas com cada evento, e nem tão pouco, formas de processá-las, otimizando a extração da maximização da probabilidade de algo vir a ocorrer em futuro, breve ou distante. Quanto mais distante o futuro, maiores serão as especulações e conseqüentemente as induções necessárias.
Seria algo como querer analisar o vôo de uma coruja, analisando-se a interação de cada partícula subatômica envolvida na coruja e no ar a sua volta. Impossível
Isto também vale quanto ao nosso futuro. Especular que por mais que planejemos, por mais que nos preparemos ou nos organizemos, teremos controle sobre o nosso futuro é pura ficção.
É uma maldade avassaladora dizer que alguém teve um futuro difícil, não conseguindo o que se planejou, porque não se preparou o bastante, ou porque não teve fé suficiente.
A complexidade é a nossa realidade. Jamais teremos domínio total sobre nossa própria existência, como não tivemos gerência sobre nossas origens. Quem dirá sobre toda uma sociedade.
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HAMILTON SANTOS
Concordo total e plenamente com sua observação... Não ter controle total, não nos dá o direito de abrir mão de trabalhar pela construção de nosso futuro e do futuro dos nossos irmãos...
Eu apenas tentei passar a idéia de que se mesmo trabalhando sério, não alcançamos o desejado, não é porque sejamos incompetentes ou nos tenha faltado planejamento, trabalho ou vontade, e sim porque estamos envolvidos em uma complexidade tal que nos é impossível ter controle sobre tudo.
Muito obrigado mesmo AMIGO Hamilton.