...AMANHÃ, SEM PRESSA...

Outro fim de semana sozinho e a vida não é tão solitária quanto parece. Não? Escolho não ficar em casa e levo o pensamento para se cansar no caos urbano. As pessoas enchem suas cabeças com músicas vazias, por poucos minutos penso que o silêncio é o melhor que posso conseguir. Descobrir o cheiro do lado perigoso da vida e talvez reencontrar o perfume que era costume nos dias bons. Eu vou deixar minha vida caber dentro de uma canção. Da canção que a moça canta agora de olhos fechados por excesso de timidez. Eu preciso descobrir o que está escrito na carta que não chegou, porque tem horas que eu preciso de razões para certos acontecimentos. Me afasto dos livros que ajudam, pois não quero conselhos de espelhos que falam sobre si como se tudo não passasse de reflexos. Já faz tempo que me viciei em palavras, e ontem a noite tentei versos improvisados para declarar meu amor a esta cidade, andando pelo meio da avenida entre os carros que a cortava em alta velocidade. Eu quebro suas correntes mas continuo preso a regras que não consigo aprender. Já faz tempo também que abandonei a pressa, o amanhã pode esperar por mais outro dia e se no fim disso tudo o vento da lembrança me trouxer dor, eu vou devolver meu calor, vou usar de outra cor para fazer ela saber que é amor o que ficou guardado na memória. Deixei meu corpo cair ao chão, só para ver o Sol levantar minha vida com a claridade da manhã que se anuncia cheia de brilho. E o ciclo se reinicia outra vez...