SEM DAR AS COSTAS PARA AS PALAVRAS - BVIW
Há uma superfície oposta ao peito com altura definida pela coluna vertebral e largura sustentada pela caixa torácica chamada “costas”. Há muitas utilidades para esta parte do corpo que no decorrer da vida dá seus gritos de dores e passa a receber tratamentos médicos para a dorsalgia. Mas desfrutando das partes boas da vida, ela também recebe massagens, sustenta ombros amigos e pratica um tipo especial de nado.
Adoramos fazer coisas para as costas e também pelas costas e uma delas é falar. Mas quem utiliza mais as costas que o carteiro carregando nossas contas de cartões de créditos e quase nada de amor? Nem vou dizer pelas costas que não gostei deste tema, mas não sou de esquivar-me de desafios, seja com o peito virado ou não. Como é que eu durmo?! Este texto já está ficando intruso.
Mas são interessantes as expressões e quando dizemos que damos as costas a algo oferecemos uma parte preciosa para o que rejeitamos. Como exemplo, cheguei a torcer o nariz para as transformações sofridas pela Folha de São Paulo, mas não consigo lhe dar as costas. Por mais que ela tenha empobrecido, ainda me ajuda a manter os olhos abertos e vivos.
Novas escritas precisam estar de frente com intuito de trazer beleza para os olhos, já cansados de vulgarismos expostos. Se alguém me perguntasse se eu gosto de escrever com o peito ou com as costas, ou seja, como for eu responderia: De costas, não! Pois não posso dar os ombros para o efeito das palavras por mim usadas e seus reflexos nos outros.