São Paulo
 
     Já fui algumas vezes a São Paulo. Poucas. Não posso contar como tendo ido a São Paulo as vezes que lá passei buscando as curvas da estrada de Santos. Eu descia na Estação Rodoviária, como um tatu eu pegava o metrô até a Estação Jabaquara, onde onde um ônibus me levava até o meu destino praiano.

     Também não posso considerar às vezes em que, acompanhando minha irmã decoradora, ia direto para a Casa Cor, sempre em bairros ricos, visitava cada um dos stands, fazia uma comprinha básica na lojinha, passava pelo restaurante onde comia, é claro e então vinha embora. Nem quando fui para uma Feira de Panificação,  ocasião em que vivemos uma bela aventura, Dudu e eu, pegando um táxi e só lá dentro observamos que o táxi não tinha o vidro da frente e o motorista era doido, entrando em cada rua perigosa tipo aquelas que a gente só vê em filme. Completamente dopado e falando sozinho. Uma vez também e lá se vão anos, fomos até lá, duas amigas e eu e pegamos um ônibus ... para o Rio de Janeiro. Não conheci São Paulo, e pode ter sido extremamente brega, mas não posso negar, foi uma das melhores viagens que fiz minha vida. Um dia, antes que me esqueça dela, preciso colocar no papel.

     Só uma vez fui a São Paulo para sentir a cidade. O objetivo era ver O Fantasma da Ópera, se não me engano no Teatro Abril. Ficamos por lá como verdadeiros turistas. Era um grupo de Divinópolis do qual fazia parte a Creusa, irmã da Maria Neuza, que nos convidou para irmos juntas.   Fomos a Ópera, comemos massa em uma bela cantina (Família Mancini) acompanhada de um vinho delicioso, caminhamos pela Avenida Paulista, vazia e maravilhosa e onde comprei uma sombrinha porque chuviscava; fui a uma Feira de Antiguidades, junto ao MASP, ao Mercado onde comi pastel de bacalhau e pão com mortadela. Além de ter dormido por duas noites em um apart-hotel razoável.

     Por que estou escrevendo sobre isso agora? Simples. Dudu foi com amigos passar uma semana turistando por lá e eu estou lendo um livro de Viagens de Danusa Leão – De Malas Prontas no qual o seu primeiro destino foi exatamente São Paulo. E que São Paulo!

     Danusa é uma mulher extremamente charmosa, pelo menos para escrever. Tem lugar cativo nos lugares mais chiques do país, mas nem por isso é uma deslumbrada. Suas histórias são as histórias de uma mulher chique, inteligente, de senso e que possui aquela qualidade que conheço como individualidade. É capaz de ter pensamentos próprios sobre qualquer assunto. Como não a conheço pessoalmente espero que a imagem que vejo refletida em seus textos seja a verdadeira. Olhem bem o que ela diz: “Quando alguém me diz: que saia incrível! Eu prefiro responder: Comprei na Galeria Ouro Fino, a dizer: - é da Daslu. É nessa hora que me sinto mais criativa, mais engraçada, mais esperta. Saber que paguei cinqüenta reais em lugar de cinco mil me faz bem”. Preciso descobrir onde fica essa Galeria e dar uma voltinha por lá porque achar por aqui uma saia incrível por cinqüenta reais vai ser bem difícil.

     Sobre a Cantina da Família Mancini onde fomos após o Teatro, Danusa faz considerações altamente elogiosas. Eu nem me lembro direito, só me lembro que a comida foi ótima, o vinho de primeira, o ambiente aconchegante e que a noite estava linda. Mas o que realmente se tornou o meu mais recente “objeto” de desejo é fazer um tour pelas Padarias em São Paulo. Aconselhada por Danusa, é clara, que faz uma bela listagem. 
 
     E falando sério, embora até nem possa parecer, um dos pontos citados no livro de Danusa e que eu conheço de outras cidades, é a Livraria Cultura, onde além de ser possível comprar esse livro, é também possível você encontrar um cantinho para ler pelo menos essa parte dedicada a São Paulo. Vale à pena e você vai descobrir coisas que talvez nunca viu em outras partes do mundo. O que me faz lembrar da vez em que fui ao Mercado e passei uns bons minutos assentada frente a um açougue observando as peças de carne dos animais que nem por sonho eu colocaria em uma panela, muito menos na boca.
 
Da sérieViajando por aqui e ali (32)