TICO E TECO

Hahaha! Não são os meus neurônios, não!

Tempos atrás, o filho da minha empregada ganhou um salsichinha preto, novinho ainda. Deu-lhe o nome de Tico. À medida que foi crescendo desprezou o dono, acabou se apegando mais ao irmão do garoto. Virou uma paixão entre eles. Era agitado, irrequieto e às vezes chatinho mesmo. Vivia implicando com a minha salsicha, Branca Letícia e com os outros cachorros da casa, muito maiores que ele, o vira-lata Koló e o labrador Brown. Não dava a menor bola pra mim, nem para ninguém da minha família. Se falássemos com ele, fingia não ouvir, passava ao largo, rebolando a bundinha. E nem abanava o rabo.

Seu dono adotivo o mimava pra caramba. Acho que lhe dava bolachinhas ou algum quitute todas as vezes que chegava da rua. Sendo assim, no que o rapaz dobrava a esquina com sua moto, ele se punha a latir ininterruptamente, como um neurótico, chegava a chorar lamentoso. Para resumir, era um animalzinho pra lá de antipático. Morreu de velhice no ano passado. Confesso que não fiquei triste, mas o rapaz ficou. Tanto, que logo depois apareceu com outro filhote, aparentemente igualzinho a ele. Chamou-o de Toni, mas para mim ficou sendo o Tico II.

Pois bem, alguns meses se passaram e o cachorrinho começou a crescer. Suas patinhas também, só as orelhas ficaram curtas... Tratava-se de um falso salsicha! De parecido, só a cor dos pelos. É bonitinho, simpático e brincalhão. Não incomoda em nada. Assim que descobrimos a ‘falsidade’, passei a chamá-lo de Teco.

Parece piada, mas o rapaz não se conformou, arranjou outro, já maiorzinho, verdadeiro salsicha. Tão autêntico quanto o primeiro. E exatamente chato como ele. É só eu pôr os pés fora de casa, ele começa a rosnar... Este, sim, é realmente o Tico II.

Tirando os nove fora, entre Tico I e Tico II, fico com o Teco!