O mundo perdido da Terra do Nunca
O Mundo Perdido da Terra do Nunca
A Terra do Nunca, o mundo aonde eu vivi um período de tempo compreendido entre os primeiros anos de minha vida até completar a maioridade; é o planeta-raiz dos meus antepassados, um mundo composto de acontecimentos que se dão como os passos de uma dança, num baile que se processa em locais tão diversos, em termos geográficos, como a lúdica Terra Vermelha, situada no estado da Bahia; os brancos areais do Campo do Amaro; o Gurupá, um povoado perdido no Sul da Bahia no qual o Tempo não impera; a Catinga de Cima, uma povoação que funciona como a capital do Império da Terra Vermelha; A Vila da Vargem dos Potes, localizada a meio caminho entre a Vila de Campos (Tobias Barreto em Sergipe) e a Terra Vermelha, numa das muitas curvas do rio Real; A Fazenda Pau Preto, propriedade do meu tio-avô Joãozinho Cruvelo, cortada pelas águas do Rio Real; a Lagoa do Pau Ferro, dentro dos domínios da Terra Vermelha; o cemitério matuto da Maria do Mato, já dentro do estado da Bahia; a Lagoa da Pindoba, localizada nas fronteiras do Campo do Amaro; a Lagoa da Porta, dentro dos domínios da Vila dos Campos (Tobias Barreto); a cidade de Gongogi e seu lendário rio que lhe empresta o nome, reino do Boitatá e da Mãe d’água, terra aonde se faz o melhor caruru e o mais saboroso acarajé do estado da Bahia; Itabuna, Ilhéus e sua infindável cornucópia de frutos do cacau que rendeu uma série inumerável de romances e enriqueceu outro tanto de fazendeiros e negociantes; o povoado de Banco Central, um pedacinho do paraíso que se desgarrou e foi cair perto de Gongogi, mas que seus moradores fazem questão de dizer, como a espicaçar os seus vizinhos tabaréus, que são parte do município de Ilhéus; Boquim e Arauá, cidades que dormitam num eterno verão nos limites do Agreste sergipano; a Lagoa Redonda, um povoado que fica olhando gulosamente, num eterno namoro, para Tobias Barreto, do outro lado do rio Real; o povoado da Coréia, palco de brigas fenomenais por mulher-dama e da insaciável fome dos madeireiros pelas árvores do jacarandá; a cidade de Camacã e a fazenda aonde moravam minhas primas Eli e Grimalda e meu primo Pagode; as Montanhas Gêmeas e o Espólio, herdade mágica aonde encontrei as minhas outras primas Marlene e Lola, além de tantos outros locais guardados na cartola do Caipora, Imperador ad Aeternum do Mundo Perdido da Terra do Nunca.
Subam todos nessa barca encantada que o périplo pelas águas do mar das lembranças vai começar...