Nunca Te Vi, Sempre Te Amei!

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos". (Fernando Pessoa)

Caro leitor (a),

Encontro-me de férias e impulsionado pelos amigos, comecei a participar do Recanto das letras. Essa atitude possibilitou descarregar parte da ansiedade que envolve meu coração. Fiz muitas amizades, porém fico temeroso de ser incompreendido ou gerar falsas expectativas, pois as letras nem sempre retratam com fidelidade a vontade do emitente. Porém, não sendo irresponsável, tento não acarretar problemas aos meus novos amigos. Talvez, por ser calouro nesse ambiente, ainda não percebi as mazelas comuns de toda comunidade. Ou seja, não identifiquei nos escritos, sentimentos de inveja, maledicência, competição e outros desvios comuns nas relações interpessoais.O motivo desse novo contacto foi com intuito de indicar e humildemente comentar um pouco de um vídeo, apresentado pela primeira vez há 14 anos. Esse filme, de certa forma lembra alguns aspectos da relação vivida por muitos no ambiente do Recanto.

O filme retrata uma história de amor e o gosto pelos livros de dois personagens, excepcionalmente estrelados por Anthony Hopkins e Anne Bancroft. Ele gerente de livraria em Londres, ela uma leitora americana exigente, os dois separados pelo oceano. O relacionamento de ambos acontece pela necessidade que ela tinha de livros raros, os quais eram solicitados por carta a esse livreiro que vivia do outro lado do atlântico. Dessa troca de correspondências surge uma amizade sincera e um grande amor. Não havia entraves de aparência física, nem convivência forçada, que muitas vezes, uma relação conjugal é submetida. Foram 20 anos de trocas de correspondência. Ele casado, chefe de família, ela solteirona, ambos acima de 50 anos. Cartas escritas a mão e esperadas com ansiedade.

Os personagens corresponderam-se durante 20 anos. Muitas vezes tentaram marcar um encontro, mas sempre havia impedimentos. No final das duas décadas, ela resolve visitá-lo em Londres. Infelizmente, quando chega ao país distante, ele já havia morrido. Talvez, o medo de assumir uma relação verdadeira foi o maior entrave para que essas duas almas gêmeas se encontrassem anteriormente. Ou, o contacto físico destruiria o encanto, a imagem criada pela mente, sempre é melhor do que a realidade, porque envolve todo um imaginário e consequentemente, torna mais leve o fardo da relação.

Hoje, a internet facilita a comunicação. Não há necessidade de caneta, papel ou correio. Tudo é muito simplificado. Porém, basicamente semelhante à situação vivenciada pelos protagonistas. Os contatos são virtuais, semelhante aqueles apresentados no filme. Ademais, independente da época, a solidão continua sendo uma sombra constante na vida das pessoas.

Finalmente volto a vocês para dizer que nossa relação é virtual, evidentemente não aspira outros horizontes além dos limites da Internet. Todavia, as grandes amizades transcendem as distâncias e outros obstáculos. E, do fundo de minha alma prometo que farei tudo que estiver ao meu alcance para ajudá-los e certamente serei ajudado por vocês. Jamais os prejudicarei intencionalmente. Pois, não teria sentido para mim, que procuro minha elevação espiritual, ter um comportamento diferente.

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 22/07/2010
Reeditado em 06/01/2014
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