Exagero

Por extinto, ela olhou para trás. Medo. Algo estava perto por demais. Lhe trazia uma certa angústia que apertava sua garganta, de modo que sentia uma pequena falta de ar. Passou a língua nos lábios para umedecê-los. Suspirou devagar; o peito se inflando e desinflando num compasso rítmico. A mochila estava pesada, o que a fazia cansar muito. Desceu alguns passos para o norte, direção oposta ao desejado, e pulou uma pequena poça d’água. Os pesinhos miúdos e frágeis já estavam com bolhas há algumas horas. Se não perdesse o ônibus, já estaria tomando um banho em casa. Mas por burrice pura, deixara de se lembrar do veículo. Se fosse outro horário poderia esperar um próximo ônibus, mas no domingo aquele era o último. Fim de papo.

O celular tocou umas três vezes para poder ser atendido. A preocupação de sua mãe era até desnorteante. Por que não pega um táxi? O dinheiro não é suficiente. Onde você está? Estou perto do parque. Meu Deus, você ainda está longe! não demore! Tu, tu, tu... Guardou o celular na mochila e correu um pouco. Arquejou quando foi atravessar o parque. Tudo escuro, breu incômodo. Animais feitos por sombras de objetos. Vultos difusos. Suava a mão. Segurou firme nas duas alças. Um passo de cada vez. Fechava os olhos por uns momentos. Jeito mesmo era voltar a correr. Não correu. As pernas, meio que rígidas, pesavam um pouco para sua fraqueza.

Algo se aproximou tão rápido que não teve tempo de fazer nada. Gritou, pulou e sumiu numa velocidade até que impressionante. O que se aproximou dela saiu para a luz de um poste de madeira. O cachorro levantou a perna e fez xixi.

Jhunnyor
Enviado por Jhunnyor em 21/07/2010
Código do texto: T2391211
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.