BATENDO PALMAS A VIDA
Você ficará intrigado, alias, como não ficar, quando alguém vem e diz em letras bem claras, que após o enterro de alguém,a quem diz ter sido amigo, irá sair do local batendo palmas. Alguns até por não insistirem na leitura , dirão: Esse não regula bem dos neurônios, é débil mental, tem parafusos soltos, etc. Mas não é nada disso que estão pensando, pois tenho alguns bons motivos, que dentro de minha fé Cristã e Espírita, assim me levam a fazê-lo. Em primeiro lugar, levo em consideração, nessa relação com o morto, o que ele representou a mim nesta passagem. Uma bela viagem, na qual ele desembarcou primeiro, e eu ainda tenho que prosseguir, sem saber quando irei descer também. Esse é um dos momentos em que bato palmas a ele : o falecido. Em silêncio e intimamente, para não constranger seus familiares. Quando sei, e tenho a certeza de que a pessoa cumpriu sua missão com simplicidade, humildade e bondade, procuro iniciar uma bela salva de palmas em sua homenagem, principalmente por saber ,que sua alma muitas vezes ainda esta próxima e, sem entender o que se passa. Aos familiares demonstro o quanto lhe apreciava, e o orgulho que sinto em ter sido seu amigo. Hoje reconheço que não vou lá apenas por sua causa, mas sim pelos que ficaram e que irão sentir na carne os efeitos da sua ausência.
Também não falo que ele descansou, ou que foi chamado por ser bom, pois tenho certeza que cumpriu sua missão aqui, mas a partir de seu ultimo suspiro deste lado, já está iniciando uma nova etapa, na vida espiritual e imortal. Algumas raízes religiosas não nos permitem sequer imaginar essa passagem, essa mudança de plano, essa continuação, e dão por encerrados os nossos trabalhos até o dia em que seremos julgados pelo que fizemos, ou deixamos de fazer. Deus nos fez imperfeitos e mortais, enquanto matéria, por razões que ainda alguns dizem desconhecer, mas eu acredito que a razão maior foi: buscar melhorias em nosso aprendizado terrestre, para poder alcançar a perfeição celeste.
Nós os espíritas, acreditamos que a morte não existe e, é apenas uma transição. Temos por isso obrigação para com aqueles que nos cercam e para conosco mesmo, de sermos incisivos em nossos argumentos e, ao sairmos do “depositório de corpos sem vida,” passaremos pelo portão principal batendo palmas novamente; agora por nós e por nossa missão, que ainda continuará por tempo determinado, mas que pela graça Divina, não sabemos a data.
Eu, ao menos, farei isso, enquanto estiver por aqui...com vida!