Ata histórica
Recebi do meu compadre Joacir Avelino um documento histórico: a ata da eleição da Comissão Provisória do Partido dos Trabalhadores em Itabaiana/PB, eu figurando como o primeiro presidente, tendo como secretário o próprio Joacir e tesoureiro meu irmão Sósthenes Costa. O delegado para representar o Partido junto ao Juiz Eleitoral: Roberto Rodrigues Palhano, que depois saiu candidato a prefeito, obtendo o consagrador resultado de 178 votos. A ata está assinada pelo juiz da época, Dr. Reginaldo Antonio de Oliveira, que se concentrava nos requintes dos protocolos legais, sabendo que aquela moçada nunca iria alcançar o quorum para formalizar o partido. Conseguimos a duras penas, como já contei em crônica anterior, em uma convenção que ficou entre a comédia e a farsa.
Vou entregar a ata ao pessoal do PT atual de Itabaiana, já que se trata de um documento histórico que não me pertence. Espero que eles guardem a relíquia de 1981, que ano que vem faz 30 anos. Num país desmemoriado, é importante preservar documentos desse tipo, cuja importância é calculada não pelos personagens envolvidos, mas pelo registro histórico.
No próximo ano, em 9 de maio, o PT de Itabaiana completa 30 anos de fundação. Não cabe aqui comentar os descaminhos do partido ao longo desses 30 anos. Há mais de 10 anos pedi minha desfiliação. Entretanto, vivo sempre buscando e encontrando o que vale a pena lembrar e preservar. Até porque, neste caso, o Partido dos Trabalhadores de 1981 não tem nada a ver com o PT de Dilma e do Lula atual. Os próprios trabalhadores reagem a outros estímulos, e os caras pintadas, caras desavergonhadas, caras cheias de cachaça e esperança de outrora já não são nem sombra do que um dia foram. Nós, os subversivos de 1981, somos hoje exóticos saudosistas, outros continuam cachacistas e mais alguns viraram a casaca e servem ao sistema repressor do “Grande Dragão da Maldade”.
O “comunista/socialista” Roberto Palhano, primeiro candidato a prefeito de Itabaiana pelo PT, hoje bate ponto no Bar do Zezão no Geisel, onde oferece meu livro “Biu Pacatuba”. Sábado passado ele trocou meu livro pela obra “No Tempo das Coisas Singelas”, do meu confrade Tião Lucena. Pois foi no tempo das coisas singelas que se deram os fatos narrados nesta ata do PT de Itabaiana.
Sem ter nada a ver e tendo, quero aqui apreciar o comentário do leitor Gilson Renato, criticando minha posição sobre a obrigatoriedade do voto. Gilson: sua defesa da obrigatoriedade do voto merece respeito e congratulações pela excelência textual da ideia. Mas sou anarquista e quero para mim a satisfação de saber que não compareci nessa festa “pobre” sem saber o nome do “sócio” e do seu “negócio”, conforme cantou Cazuza.
Não votar: eis a questão.
Longe vai o tempo em que eu fundava partido político sonhando com uma democracia popular, seja lá o que diabo isso signifique.
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