Espanha, campeã do mundo
Acho que ando profetizando... Antes de a Espanha sagrar-se campeã do mundo em futebol, eu já andava nostálgico desse país que, desde a minha infância, por meio dos filmes que assistia e das músicas que ouvia, impressionava-me e arrebatava-me. Fico lembrando desses filmes e penso como hoje em dia as crianças, apesar da globalização, da Internet e da facilidade de comunicação, não têm acesso a tantas coisas que foram lapidando a minha cultura geral desde a mais tenra idade!
Não perdia um filme do Joselito e da Marisol. Joselito era um menininho bonitinho que cantava com voz doce lindas músicas como “La Golondrina” e “Saeta”, e Marisol, uma menina sapeca que também cantava. Mais tarde, mulheres sensuais como Sarita Montiel e Carmen Sevilla substituíram em meu imaginário o lugar dessas duas crianças. Interessante que hoje em dia, Sarita e Carmen, duas idosas senhoras, ainda aparecem na televisão, em programas de entrevistas ou em sessões nostalgia de filmes espanhóis. Joselito e Marisol perderam-se no tempo, sabe-se lá porquê.
Quando fui à Espanha, abri mão de conhecer a badalada Barcelona para adentrar nos mistérios da Andaluzia. Quis conhecer Sevilha e Granada. E em Sevilha, para desespero de minha esposa, hospedar-me no Barrio de Santa Cruz, berço do flamenco. Lá pude, em uma mágica noite de lua cheia, andar de carruagem pelas ruas da cidade caminho ao tablao onde vi o mais autêntico show de flamenco! Foi com saudade dessa noite que escrevi os versos de “Alma Sevillana”.
Depois, fui conhecer Granada, perpetuada na canção de Agustín Lara...Mágica cidade com feitiços mouros, onde a Alhambra resume tudo o que pode chamar de encanto...
Um lugar único, fantástico, mágico, maravilhoso, onde o entardecer é um espetáculo que ainda hoje é recordado como sensação física, impregnada em cada sentido, em uma inexplicável explosão de emoções!
Não gosto de futebol, mas para mim a Espanha sempre foi campeã. Nas minhas mais remotas recordações, lá está ela, trazendo emoções e sentimentos nem sempre compreendidos totalmente, nem por mim... Eu, que nunca tive vontade de ir a nenhuma comemoração nas cinco vezes que o Brasil foi campeão, gostaria de estar hoje na Plaza Mayor ou na Plaza de Cibeles compartilhando com os espanhóis a sua grande alegria.
Hermes Falleiros, 11 de Julio de 2010, el dia em que España ganó La Copa Del Mundo.