Mochila
O zíper foi aberto rapidamente. Jogou-se uns livros lá dentro e fechou novamente. Um sacolejo e é colocada no ombro. A alça direita está mais curta que a esquerda. Ajeitou um pouco, mas a pressa não o deixava parar. Colocou a culpa no despertador, que não fez seu trabalho direito. Estava atrasado quase quinze minutos e não tinha tomado o café da manhã. A fome subia pela garganta e depois roncava alto no estômago. Comeria algo na cantina apenas mais tarde. Que droga de prova na segunda-feira! Chutou uma pedra enquanto esperava um carro cruzar a rua. Olhou para os lados e correu. Pulou o muro da barbearia e desceu pelo campinho. Havia algumas pipas no ar. Não parou, mas tropeçou e caiu; também, pudera, observando o céu enquanto corre. Alguns meninos riram. Xingou um pouco, só pra não levar desaforo e jogou algumas pedras pro ar. Limpou-se da poeira e voltou-se para o caminho.
O portão já estava fechado. Pediu para abrir. Uma mulher foi lá e perguntou se ele não sabia qual era o horário de aula. Nisso uma das alças, a mais curta, se arrebenta. O zíper estoura e lá se vai os livros pelo chão. A mulher o ajuda e o deixa entrar. Ele sorri e não agradece. Esse é o trabalho dela mesmo! A prova ainda não começou. Bom para ele. É melhor do que nada. No fim, decide comprar uma mochila nova.