O PÁSSARO E O SEU CANTO DE NINAR
De: Ysolda Cabral
Ontem fui dormir antes das vinte e duas horas. Coisa realmente surpreendente, pois desde que minha filha nasceu, há dezenove anos, eu não dormia tão cedo.
Resultado; acordei antes das três da manhã sem sono algum e sem vontade de nada. Tentei ler, escrever, assistir um filme, ouvir música... Resolvi voltar pra cama e ficar escutando os sons da madrugada.
Há muito sei que a madrugada tem um perfume característico e muito especial, o qual gosto muito, inclusive, ele sempre me inspirou a compor algumas poesias. Entretanto, como ando pensando em deixar de compor para me dedicar mais a crônicas - pelo menos por um tempo - procurei me desligar de seu cheiro e me ligar nos sons.
Gosto muito dos sons, principalmente o do silêncio. No silêncio você escuta o Vento e todos os segredos que ela queira lhe contar. Adoro os segredos do Vento, mesmo que não os compreenda sempre me acalentam quando preciso de aconchego.
Bom, estava nesse devaneio, esperando o sono voltar, quando escuto um tímido e lindo canto de um pássaro.
Parei de pensar, parei até quase de respirar, agucei bem o ouvido e não consegui identificar, o pássaro que cantava para mim na madrugada, quase fria e perfumada, me fazendo voltar a dormir sem sonho e sem pesadelo.
Hoje irei dormir cedo novamente.