Salão

Salão

Sábado. Dia crítico num salão de beleza, mais critico ainda se é um salãozinho simples de uma vila de porte mediano. É gente querendo marcar escova de ultima hora, é mulher que estragou as unhas e só quer um retoque. E assim vai sendo a rotina de um salão de beleza no sábado. O dia crítico. Eu dificilmente freqüento o salão. Não que eu não precise, ao contrário, mas sempre me virei tão bem sozinha que me acostumei a fazer meus próprios penteados, escovas, chapinhas, unhas... Só não corto meu próprio cabelo, então, tenho que recorrer ao salão da Odete ou a da Cris. Se bem que só vai ao salão da Odete quem não quer cortar o cabelo, pois todo mundo sabe que desde que ela sofreu um acidente com as mãos, ninguém mais corta o cabelo com ela. Então na vila todos se revezam entre o salão da Cris para cortar e fazer as unhas e ao salão da Odete para penteados... O divertido é participar desse revezamento. Nesse sábado tinha marcado de cortar as madeixas com a Cris, eu mesma fiz minhas unhas, mas fiquei enrolando lá usando alguns esmaltes dela, ela não liga. Enquanto esperava minha vez morria de rir por dentro vendo os “entra e sai” de mulheres levando e trazendo fofoca de um salão para outro. É uma falando da mulher que tá pulando a cerca, e outra que tá levando chifre, e o mais novo mister da vila desfilando a barriga tanquinho por aí... E é mãe reclamando dos filhos e outras elogiando os filhos. E é criança contando que viram isso ou viram aquilo. E é criança entregando as mães. E há a frase que mais se houve: “Menina, você ficou sabendo?” E eu me divirto! Fico só observando e rindo. Tento ser modesta para minha gargalhada não escapar em hora imprópria principalmente quando reconhecemos uma mentira das boas sendo contada descaradamente e todo mundo fingindo que tá acreditando. A cara que a mulherada faz quando não quer dizer, mas quer fingir que acredita, só pra dar mais corda pra ver se a pessoa não acaba contando algo sério e verídico. Ah! Como eu me divirto. E o melhor é quando começam a olhar os modelos das revistas. É um tal de dizer: “ Ah se fosse meu!”Pronto! Daí tudo começa. É confusão na certa, pois é quando elas resolvem se criticar e brigar por algo que nunca acontecerá. É tão infantil que chega a ser hilário. Brigam por causa da decoração de uma mansão, discutem tapetes, cortinas, mobílias...

Tudo é válido quando se quer sair um pouco do cotidiano. Nesse sábado me deram o Jensen Ackles e Tom Welling de presente. E eu recebi de bom gosto dizendo que depois que eu chupasse da fruta até o caroço, eu daria o restinho a todas. Ah! Por que será que eu disse essa frase? Não sei. Até agora me arrependo, (de certa forma), pois era a frase que faltava para despertar o assunto que todas nós mais gostamos: sexo!

E depois de muito rir e muito chorar de rir e de dizer “é mesmo?” e de fazer o juramento de que tudo que ouvimos no salão fica no salão, saí com minhas forças renovadas, minha alma revigorada, as bochechas doloridas e com o pensamento firme de que preciso me virar menos sozinha pra freqüentar mais vezes o salão!