Saudades
Existe algo exato: vamos morrer.
Passamos cada minuto de nossas vidas com esta certeza absurda de que em uma modorrenta tarde de sábado, por um acaso do destino, podemos encontra lá, ou sabe-se lá, ela nos encontrará. Contudo, ainda assim sofremos nos descabelamos, afogamos em lagrimas quando ela surge.
Então?
Com que face virá?
Qual máscara usara para nos atrair?
...dia, hora, segundo?
Os livros não revelam.
Ninguém tem a resposta.
A morte é exata, imprevisível e implacável. É como uma bomba relógio que não expõem as horas, que ao explodir deixa apenas o estrondo da solidão.
Em um momento hilário sentados vendo TV, ou na fila do pão, ouvindo o CD do Caetano, ou até o da Beyonce, lendo um livro sobre saúde, ou vendo um jogo de futebol do nosso time preferido (atlético mineiro), podemos partir sem se quer dar um adeus, um beijo, ou que seja lá um mero abraço naqueles que amamos.
É justo?
Não é.
Criar os filhos, construir a casa, fazer faculdade, mestrado, doutorado..., pagar o aluguel,
Ler dezenas de livros, saltar de pára-quedas, conhecer 20 paises, falar cinco línguas...
E quando menos se espera... Stop!.. A vida parou, ou seja, acabou.
Não a nada de justo em morrer.
Morrer é sarcástico é fútil...
Morrer é um exagero.
Como escreveu o apresentador Pedro Bial : “a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo”.
E o pior ainda estar por vim...
Depois do pranto, da perda, da angustia, da crueldade, ai surge à saudade.
E a saudade também é medonha.
A saudade não tem fim.
A saudade arde o peito, arde à alma e faz chorar...
Faz chorar sobre o lençol que ela deitava.
Faz chorar revendo o livro que ele lia.
Faz chorar sobre o travesseiro em que ela apoiava a cabeça.
Faz chorar dentro do carro que ele dirigia.
Faz chorar na sala onde ainda existe sua presença.
Faz chorar na lembrança de um momento vivido.
A saudade nos invade em uma manhã de domingo e nos toma o dia.
Aos mais frágeis invade uma vida inteira, vira nostalgia.
É triste sentir saudades daquilo que não podemos mais viver...
É doloroso não ter mais a graça daquele belo sorriso.
É amargo sentir saudades de um amigo, de um familiar, de um colega.
A morte é desprezível a vida.