NÃO SOU ANJO...
Não sou anjo, nem recebi procuração do Criador para resolver os problemas da humanidade.
Sempre contribuí com entidades assistenciais, várias, todas que me solicitam. Um pouquinho para cada um, já que, “de grão em grão, a galinha enche o papo”. Gostaria de poder fazer mais, mas esta é a minha maneira de colaborar para uma sociedade mais justa e humana. Também é uma forma de agradecer tantas coisas boas que a vida tem me proporcionado, mas...
Confesso, levemente envergonhada, que me irritam os frequentes telefonemas das entidades. Pra começar, ligam nas horas mais impróprias. Basta que eu sente-me à mesa para almoçar ou jantar e toca o telefone. Alguns querem confirmar a doação do mês, outros, gentil e inoportunamente convidam-me para visitas, outros querem um pouquinho mais do meu pobre dinheirinho, que não sobra nem para mim. Sempre há uma campanha urgente, da qual não posso deixar de participar, sob o risco de provocar a ira divina. A conversa é sempre a mesma: ”já pensou se fosse pra senhora ou pra um dos seus entes queridos?” Ai, meu Deus, dá-me discernimento, mais dinheiro e, principalmente, paciência! E, por misericórdia, não esqueça que contribuo há muitos anos.
Às vezes, interrompem meu trabalho, reuniões, etc. É desagrádavel, mas compreensível, eles não tem bola de cristal. O que não entendo é como jamais usam o nome da entidade. Sempre é fulana, beltrana, Joaninha, Marianinha e sugerem uma intimidade que não existe, forçando o atendimento. Invariavelmente, tem um assunto muito importante a tratar...
Importante pra eles e, eu entendo que não deve ser fácil viver de caridade, mas isto justifica o abuso?
Atrapalhada, trabalhando demais, praticando exímios malabarismos pra não faltar o bem bom e, principalmente, aborrecida com tantas ligações, resolvi parar de contribuir temporariamente. Generalizei, não quis proteger ninguém e parei de contribuir com todos.
Bem, já sabem, não é? Os telefonemas aumentaram e, pasmem, alguns bem contundentes. Eu já estava me sentindo uma diabinha, um anjinho de tridente, tentada a voltar atrás, quando uma voz fanha de telemarketing, me acusou de causar prejuízo a entidade, pois já haviam emitido o recibo.
Ah! Foi a gota d’água. Que vontade de mandar a infeliz pra... Pra Paris.
Tentei negociar: eu pago e tu nunca mais, em hipótese alguma, liga para mim. Não aceitaram e continuam ligando ao meio dia.
O que me estarrece é a falta de inteligência, com jeitinho levariam até mais do que posso dar. Já levaram.
Escrevi este texto faz um mês e, não postei. Achei tratar-se de uma insensatez localizada, mas navegando no RL, li a crônica do colega ZÉ CAPARICA com queixas semelhantes. Talvez seja mais comum do que eu pensava. Sinto pelos beneficiários de minhas minguadas doações, mas paciência tem limite. Sou humana, não sou anjo.
Não sou anjo, nem recebi procuração do Criador para resolver os problemas da humanidade.
Sempre contribuí com entidades assistenciais, várias, todas que me solicitam. Um pouquinho para cada um, já que, “de grão em grão, a galinha enche o papo”. Gostaria de poder fazer mais, mas esta é a minha maneira de colaborar para uma sociedade mais justa e humana. Também é uma forma de agradecer tantas coisas boas que a vida tem me proporcionado, mas...
Confesso, levemente envergonhada, que me irritam os frequentes telefonemas das entidades. Pra começar, ligam nas horas mais impróprias. Basta que eu sente-me à mesa para almoçar ou jantar e toca o telefone. Alguns querem confirmar a doação do mês, outros, gentil e inoportunamente convidam-me para visitas, outros querem um pouquinho mais do meu pobre dinheirinho, que não sobra nem para mim. Sempre há uma campanha urgente, da qual não posso deixar de participar, sob o risco de provocar a ira divina. A conversa é sempre a mesma: ”já pensou se fosse pra senhora ou pra um dos seus entes queridos?” Ai, meu Deus, dá-me discernimento, mais dinheiro e, principalmente, paciência! E, por misericórdia, não esqueça que contribuo há muitos anos.
Às vezes, interrompem meu trabalho, reuniões, etc. É desagrádavel, mas compreensível, eles não tem bola de cristal. O que não entendo é como jamais usam o nome da entidade. Sempre é fulana, beltrana, Joaninha, Marianinha e sugerem uma intimidade que não existe, forçando o atendimento. Invariavelmente, tem um assunto muito importante a tratar...
Importante pra eles e, eu entendo que não deve ser fácil viver de caridade, mas isto justifica o abuso?
Atrapalhada, trabalhando demais, praticando exímios malabarismos pra não faltar o bem bom e, principalmente, aborrecida com tantas ligações, resolvi parar de contribuir temporariamente. Generalizei, não quis proteger ninguém e parei de contribuir com todos.
Bem, já sabem, não é? Os telefonemas aumentaram e, pasmem, alguns bem contundentes. Eu já estava me sentindo uma diabinha, um anjinho de tridente, tentada a voltar atrás, quando uma voz fanha de telemarketing, me acusou de causar prejuízo a entidade, pois já haviam emitido o recibo.
Ah! Foi a gota d’água. Que vontade de mandar a infeliz pra... Pra Paris.
Tentei negociar: eu pago e tu nunca mais, em hipótese alguma, liga para mim. Não aceitaram e continuam ligando ao meio dia.
O que me estarrece é a falta de inteligência, com jeitinho levariam até mais do que posso dar. Já levaram.
Escrevi este texto faz um mês e, não postei. Achei tratar-se de uma insensatez localizada, mas navegando no RL, li a crônica do colega ZÉ CAPARICA com queixas semelhantes. Talvez seja mais comum do que eu pensava. Sinto pelos beneficiários de minhas minguadas doações, mas paciência tem limite. Sou humana, não sou anjo.