BATALHA PERDIDA

Deitada confortavelmente, eu observava o quarto do hotel. Admirava a beleza das paredes com motivos florais em tons róseos e a delicadeza dos adornos do lustre...
De repente, não mais que de repente, soa a campainha e abro a porta. Surpresa, deixo entrar o inimigo, que se acomodou no canto do quarto e, passou a me fitar silencioso. Não detive o olhar sobre ele, empinei o nariz e fingi um ar de superioridade. Silêncio total.

Em minha mente passava o filmezinho de retrospectiva de vida, sempre em cartaz para todos os agonizantes. Pensava na real importância da vida saudável, que tento levar; nas longas caminhadas matinais, ao sabor do gelado Minuano; na consulta milionária que paguei na semana passada.
Lembrei-me até da sensatez de minha amiga Gladys que, marota e experiente, ri de meus objetivos; pensei na querida Giustina e no seu ferrenho anti-americanismo. Dei razão a ambas.
Lembrei-me de meus planos para o futuro, da minha disposição de viver intensamente e, também, das amarguras da vida...
Ele continuava, quieto, a observar-me. O silêncio era insuportável. Liguei a TV e, Tony Ramos e Aracy Balabanian, em vão, tentaram me distrair.

De repente, num ímpeto feroz, atirei-me sobre o intruso, com a pior das intenções. Devorei-o!
Migalha por migalha, degustei até o fim o Big Mac (IN)Feliz, gentileza "grega" de amigos queridos. Com tortinha de maçã e tudo...
Batalha perdida, mas a guerra continua.
E, na pior das hipóteses, na próxima vez que uma anoréxica vendedora de roupas, perguntar-me: M ou G? Eu direi: G, de Gostosa!
Tânia Alvariz
Enviado por Tânia Alvariz em 25/06/2010
Reeditado em 22/07/2010
Código do texto: T2340957
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.