O SEXO DOS JOVENS

Recebi esta semana alguns e-mails que se reportam ao “fato” de alunos aqui e ali, neste país, estarem praticando sexo no interior da escola e, ainda de haverem sido filmados enquanto passavam da teoria à prática.

Venceram-me pelo cansaço e, como esses e-mails vinham de pessoas conhecidas e, ainda por ser professora, resolvi que, enfim, daria uma olhadela no vídeo. Claro que também sou curiosa. Da curiosidade vem o conhecimento.

Assim que cliquei para ver do que se tratava, foi detectada e bloqueada uma ameaça de vírus. Imagine só. Há algum tempo utilizo o computador e este danado do vírus jamais me pegou e quis me pegar logo pela parte fraca.

De toda sorte, quis então, pensando ser mesmo um acontecimento em determinada escola, manifestar minha opinião, especialmente porque o e-mail de hoje dizia que os dois praticantes do sexo estavam sendo indiciados pelo “crime”.

Os alunos seriam da rede pública. Imagino com meus botões que os da rede particular têm o sexo dos anjos, isto é, nenhum. Tudo só acontece na rede pública, até pela própria denominação de pública. Quanto aos da privada, as portas estão naturalmente cerradas e não há vazamentos sobre algo que lá venha a ocorrer, a perversão de um anjo, por exemplo.

Supondo que, não fosse um vírus, o fato de praticar sexo dentro de uma escola pode ocorrer, sim. Nas escolas há jovens, cheios de energia e vontade de se descobrir. Há adolescentes. E quem quiser saber sobre crianças e adolescentes é só ler os estudiosos do tema e entenderão muito bem que o sexo para eles é algo vital, inadiável e indispensável.

Quanto a serem filmados, se isto acontecesse, eu veria mais culpa naqueles que se dedicaram ao ato do voyeurismo. Em lugar de olhar, o melhor mesmo é praticar. Pela lógica, se há câmeras, os jovens são muito inteligentes e não se deixariam filmar. No mínimo jogariam o blusão sobre a câmera. Você que está lendo poderá até dizer que demonstro um tanto de voyeurismo no momento em que me dispus a buscar o vídeo. Pode dizer, sem problemas, todos nós temos manias e eu nunca me candidatei à santa e nem espero que o Vaticano me declare um dia ser. Quem sabe mesmo quem é santo ou não, é Deus _ que não precisa do processo romano.

Em se tratando de serem os jovens indiciados, foi o tiro que me derrubou. Fiquei indignada de pensar na possibilidade de jovens serem indiciados judicialmente por praticarem o sexo mesmo sendo na escola. Eu queria saber sobre as circunstâncias em que isto teria acontecido, pois, esperaria que a Justiça examinasse bem a questão e trabalhasse sempre com as autoridades especialistas em Educação e Psicologia.

Onde andaria o gestor escolar e toda a sua equipe, desprovidos do suficiente preparo pra lidar com jovens? Que escola seria esta que teria câmera e não teria um supervisor, um ser humano para desconfiar dos naturais desejos dos adolescentes? Onde estariam todos e fazendo exatamente o que, na escola, sem dar a atenção necessária aos jovens?

O e-mail carrega um vírus, mas serve muito bem para refletir sobre a violência nas escolas e também o amor, pois jovens sempre confundem sexo com amor. Eles não entendem ainda muito bem que o amor está relacionado ao sexo, mas não sempre nem necessariamente. Se assim o fosse, uma mãe não amaria o filho e nem uma professora amaria o aluno.