Que sexta-feira sombria! Nem mesmo o início da Copa do Mundo foi suficiente para me deixar alegre. Logo de manhã soube da morte da bisneta do grande Nelson Mandela, após aquela mega-festa de abertura da Copa na África do Sul.  Pensei naquele ancião que se tornou um ícone da pacificação na África do Sul, entristecido pela adversidade que se abateu sobre ele justamente quando seu país está em festa.
 
Um pouco mais tarde, soube do encontro do corpo da jovem Advogada Mércia Mikie Nakashima, desaparecida em Guarulhos desde o dia 23 de maio. Tenho duas filhas, uma com 28, também advogada, e outra com 26, assim, posso avaliar a dor que os pais e demais familiares daquela jovem estão sentindo. 

Sei que no fundo, todos nós nos sentimos possuídos por um espírito de solidariedade para com aquela família agora enlutada, mas que até ontem se alternava entre a esperança e a dúvida.

Lamento o frenesi de parte da imprensa televisiva que só se preocupa com o IBOPE e não respeita a dor alheia e nem se contenta em apenas noticiar, acha necessário impingir  aos telespectadores a lamúria dos desgraçados.
 
Falei com minha filha Adriana  e ela me disse que já havia derramado lágrimas ao ver a dor do irmão de Mércia agachado e soluçando tristemente próximo ao corpo da irmã.

Até onde vai essa violência insana e destruidora de sonhos? 
Que esse assassinato seja desvendado e seu autor punido severamente, pois  não tirou apenas a vida de uma linda jovem que certamente alimentava muito sonhos que foram cortados abruptamente, mas tirou também a tranqüilidade e a paz de milhares de pessoas que mesmo não conhecendo Mércia, sentiram o golpe da fatal brutalidade que jamais se apagará de suas mentes e corações.

“A morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. (John Donne, poeta inglês do século XVI, rememorado por Ernest Hemingway em seu livro Por Quem os Sinos Dobram.”