Você fugiria?
Recebi um e-mail. Como todos que navegam pela net, recebo muitos e-mails. Abro alguns e até guardo porque são bonitos, alegram o meu coração. Outros, apago, até sem abrir. De vez em quando alguns são tão interessantes que acabam gerando uma crônica. Outros, nem consigo compreender e por isso tento entender a mensagem – nada melhor para isso do que escrever a respeito. Então também acabam virando uma crônica, mas uma crônica diferente. Enraivecida.
Esse dizia assim: Você fugiria? Fiquei curiosa. Fugiria de que? Devia ser um teste e testei: abri e li. Eis a síntese: dois homens vestidos de preto, armados e totalmente mascarados entram em um culto religioso e apontando as armas perguntam aos dois mil fiéis que ali se encontram: Quem de vocês aceitaria ser fuzilado e morrer por amor a Cristo? Ou coisa assim, semelhante. Bem, o caso é que todo mundo vai fugindo e no fim só ficam umas poucas pessoas. Exatamente vinte. Dez por cento. Então, os mascarados tiram as máscaras, abaixam as armas e dizem: Podem continuar com a celebração, mandamos embora os hipócritas.
Pois a minha resposta seria: eu fugiria sim. E não achei graça nenhuma em ser chamada de hipócrita. Porque eu fugiria exatamente porque não sou hipócrita. Aliás, já fugi.
Fiquei imaginando porque imaginar é o meu dom: qual o idiota que iria acreditar que Deus iria mandar pessoas mascaradas e armadas para por a prova o nosso respeito por Ele? Por que se assim agisse, certamente não seria Deus, mas o seu oposto, o Mal. Onde pode estar com a cabeça quem acredita em um Deus assim? Parto de pressuposto que existe uma razão para a vida humana e essa razão não há de ser nunca desperdiçá-la com tolices. Qual a vantagem em levar um tiro na cabeça por qualquer coisa assim sem sentido? Penso que eu morreria por muitas razões, mas todas elas teriam que ser dignas da parte divina que existe em mim.
É isso que me deixa doente com algumas formas que usam para tentar religar o Homem a Deus. A ignorância. A fé cega, sem questionamento. O forçar as pessoas a acreditarem que as palavras dos Mensageiros são mais importantes do que a lógica divina. Agora entra um imbecil em minha casa, com uma arma e me diz: vou matá-lo para você provar que ama a Deus e eu simplesmente me ajoelho e abaixo a cabeça e espero a morte calada? E se eu não fizer isso, se eu buscar me defender e fugir ou fazer qualquer coisa para impedir essa barbaridade eu serei hipócrita?
Eu fico triste com isso. Eu queria um mundo onde as pessoas que acreditam em Deus e em sua justiça pudessem agir de uma forma diferente. Sem medo. Acreditando realmente que existem leis naturais que regem o que foi criado. Um mundo onde as pessoas pudessem pensar os próprios pensamentos, não os pensamentos alheios. Um mundo onde não fosse considerado hipocrisia o questionar. Aprendi muitas coisas na religião em que nasci e fui criada. Questionei praticamente tudo o que me foi falado. Busquei entender com sofreguidão e hoje vejo que as coisas que me ensinaram não eram tão incompreensíveis assim – durante a minha caminhada as dúvidas foram sendo sanadas. Porque eu fui crescendo e amadurecendo. E a Fé que tenho hoje é total e absoluta porque se baseia no Conhecimento. No meu conhecimento, não no conhecimento dos outros. Eu não os recebi e saí repetindo como um papagaio. Então, se dois imbecis aparecerem em minha frente, sem coragem de se mostrarem sem máscaras e tentando me pressionar a fazer besteira, podem ficar certos de que eu não farei.
Se com essa historinha boba o autor da mensagem quer nos dizer que a confiança em Deus deve ser cega, errou completamente de endereço. Não é o meu porque a confiança em Deus para mim nunca será a mesma coisa que a confiança em dois seres mascarados e armados: nesses a única certeza que sei que vou ter é que foram enviados pelo diabo. E que nesse caso, as aparências não enganam. Mas acho que, dado a sua natureza, nem o diabo faria isso: mandaria dois anjos lindos.
Recebi um e-mail. Como todos que navegam pela net, recebo muitos e-mails. Abro alguns e até guardo porque são bonitos, alegram o meu coração. Outros, apago, até sem abrir. De vez em quando alguns são tão interessantes que acabam gerando uma crônica. Outros, nem consigo compreender e por isso tento entender a mensagem – nada melhor para isso do que escrever a respeito. Então também acabam virando uma crônica, mas uma crônica diferente. Enraivecida.
Esse dizia assim: Você fugiria? Fiquei curiosa. Fugiria de que? Devia ser um teste e testei: abri e li. Eis a síntese: dois homens vestidos de preto, armados e totalmente mascarados entram em um culto religioso e apontando as armas perguntam aos dois mil fiéis que ali se encontram: Quem de vocês aceitaria ser fuzilado e morrer por amor a Cristo? Ou coisa assim, semelhante. Bem, o caso é que todo mundo vai fugindo e no fim só ficam umas poucas pessoas. Exatamente vinte. Dez por cento. Então, os mascarados tiram as máscaras, abaixam as armas e dizem: Podem continuar com a celebração, mandamos embora os hipócritas.
Pois a minha resposta seria: eu fugiria sim. E não achei graça nenhuma em ser chamada de hipócrita. Porque eu fugiria exatamente porque não sou hipócrita. Aliás, já fugi.
Fiquei imaginando porque imaginar é o meu dom: qual o idiota que iria acreditar que Deus iria mandar pessoas mascaradas e armadas para por a prova o nosso respeito por Ele? Por que se assim agisse, certamente não seria Deus, mas o seu oposto, o Mal. Onde pode estar com a cabeça quem acredita em um Deus assim? Parto de pressuposto que existe uma razão para a vida humana e essa razão não há de ser nunca desperdiçá-la com tolices. Qual a vantagem em levar um tiro na cabeça por qualquer coisa assim sem sentido? Penso que eu morreria por muitas razões, mas todas elas teriam que ser dignas da parte divina que existe em mim.
É isso que me deixa doente com algumas formas que usam para tentar religar o Homem a Deus. A ignorância. A fé cega, sem questionamento. O forçar as pessoas a acreditarem que as palavras dos Mensageiros são mais importantes do que a lógica divina. Agora entra um imbecil em minha casa, com uma arma e me diz: vou matá-lo para você provar que ama a Deus e eu simplesmente me ajoelho e abaixo a cabeça e espero a morte calada? E se eu não fizer isso, se eu buscar me defender e fugir ou fazer qualquer coisa para impedir essa barbaridade eu serei hipócrita?
Eu fico triste com isso. Eu queria um mundo onde as pessoas que acreditam em Deus e em sua justiça pudessem agir de uma forma diferente. Sem medo. Acreditando realmente que existem leis naturais que regem o que foi criado. Um mundo onde as pessoas pudessem pensar os próprios pensamentos, não os pensamentos alheios. Um mundo onde não fosse considerado hipocrisia o questionar. Aprendi muitas coisas na religião em que nasci e fui criada. Questionei praticamente tudo o que me foi falado. Busquei entender com sofreguidão e hoje vejo que as coisas que me ensinaram não eram tão incompreensíveis assim – durante a minha caminhada as dúvidas foram sendo sanadas. Porque eu fui crescendo e amadurecendo. E a Fé que tenho hoje é total e absoluta porque se baseia no Conhecimento. No meu conhecimento, não no conhecimento dos outros. Eu não os recebi e saí repetindo como um papagaio. Então, se dois imbecis aparecerem em minha frente, sem coragem de se mostrarem sem máscaras e tentando me pressionar a fazer besteira, podem ficar certos de que eu não farei.
Se com essa historinha boba o autor da mensagem quer nos dizer que a confiança em Deus deve ser cega, errou completamente de endereço. Não é o meu porque a confiança em Deus para mim nunca será a mesma coisa que a confiança em dois seres mascarados e armados: nesses a única certeza que sei que vou ter é que foram enviados pelo diabo. E que nesse caso, as aparências não enganam. Mas acho que, dado a sua natureza, nem o diabo faria isso: mandaria dois anjos lindos.