Um Poeta no Trânsito

Eu estava acordado e acordei sobressaltado.Estava sem o meu pijama de bolinhas amarelas. Estranho como dormimos acordados

com os sonhos de um azul intenso.

Algo me dizia para abrir os meus olhos e me deparei repentinamente

Não sei vindo de onde com as cores avermelhadas de um ônibus circular a apenas cinco cm dos meus pés.

Acredito que foi um pisca amarelo lá de cima ou a buzina aqui debaixo do meu nariz.

Um motorista pálido e nervoso esbravejava ao volante. Não sei de que planetas vieram estes seres estressados com os olhos esbugalhados, baba pela boca e falando palavrões.

O trânsito não é mais aquele caminho rápido , gostoso entre os endereços. É um vai-e-vem de almas penadas a procura de mais um pedestre morto-vivo.

Abandonam a paz de suas casas e passam o dia com a alma em fogo

Com o pé no fundo parecem querer afundar as desgraças.

Nem quando param no semáforo se acalmam. É com pequenas acelerações que aumentam o tesão. Colocam o som ao máximo e aumentam a poluição sonora. Devem acreditar que todos dançam as suas músicas e ficam eretos com as suas emoções

Além dos carros pela esquerda, temos as motos pela direita

Abrir uma porta de carro pode ser a porta de entrada pro cemitério.

Tem a fumaça do escape que esconde a próxima curva e aquela fumaça fumaça do baseado no qual se baseia o motorista terminal

E tem a propaganda do governo que é a de todos nós...Encha a cara, mas não faça o teste do bafômetro.Você tem os seus direitos... O cadáver não.

E se matar alguém mesmo, no trânsito, não se preocupe... Pague algumas cestas básicas (tem algumas em promoção).

... E volte às emoções...

Robertson
Enviado por Robertson em 09/06/2010
Reeditado em 10/06/2010
Código do texto: T2308655