O GATO
Minha amiga morava em Jardim Camburi, quando o bairro ainda era um deserto.
Sua casa era rodeada de terrenos baldios e havia um rapaz que passava, todas as manhãs, entregando leite da roça, em uma Kombi.
Um dia, a dona-de-casa escutou um barulho e, ao verificar do que se tratava, assustou-se.
-Meu Deus do Céu, é um gato! Nossa, como ele é bravo!
Quanto mais a mulher o tocava, mais o bicho miava e se arrepiava todinho.
Muito religiosa, a mulher gritou:
-Sai em nome de Jesus!
Como o bichano não a obedeceu, ela pegou o crucifixo, a Bíblia, o terço, jogou-lhe água benta e nada.
Seus filhos, quatro garotinhos apavorados, ajoelharam-se e começaram a rezar.
Quando o leiteiro buzinou, Dulce perguntou-lhe da janela:
-Moço, você entende de gato?
-Mais ou menos, dona. Por quê?
-Entrou um na minha área de serviço.
-Como ele entrou? Tem pasto atrás da casa da senhora?
-Não. O muro é bem alto e, mesmo assim, o danado o pulou.
-Pulou como?!
-Não sei, moço. Ele parece que está doido e, agora, entrou atrás do armário.
-Atrás do armário?! Espera aí, que eu vou entrar para ver!
O jovem foi depressa e...
-Cadê, o animal, minha senhora?
-Você não está vendo, não?
-Ah, bem!.. Pensei que fosse um gado!