A arte de perder tempo

Talvez a humanidade ainda não tenha encontrado uma maneira mais eficiente de desperdiçar seu tempo do que reclamando da vida. E deste ponto de vista perder tempo é uma arte, daquelas que as mães condenam: “Ta fazendo arte, menino”.

O mecânico de manutenção que se esforçou tanto para merecer aquele cargo, que tantos cursos fez, agora reclama por ter que dar manutenção.

A secretária que amaldiçoa Graham Bell até a décima quinta geração, toda vez que toca o aparelho inventado por ele. Ou quando chega alguma pessoa no escritório, fecha a cara e diz: “de novo este chato”. Ao invés de agradecer, já que a razão de estar ali é atender telefone, atender as pessoas que ali chegam.

Mais contraditório ainda é o pediatra que não suporta crianças. Eu conheço alguns assim.

Perdem tempo, literalmente, pois as suas reclamações não alteram o estado das coisas.

O ser humano habituou-se a reclamar e não adianta nem dar o prêmio da mega-sena que ele vai recamar por ter que pagar imposto de renda.

Não sabe ser grato, e por isto, na maioria das vezes, não se torna digno de mais. Se fecha, por sua ingratidão, para a harmonia com Universo, coma vida, sempre ricos em ofertas.

Na verdade quer colher o que não plantou. Quer usurpar o trabalho alheio. Quer receber no início do mês, antes de fazer por onde.

Prefere perder tempo reclamando, colocando a culpa no outro. Projeta suas dificuldades e por isto não consegue superar suas limitações.

Esconde-se de seus medos ao invés de encará-los. Esconde-se falando da alheia, atrás dos preconceitos. Limita-se por não buscar conhecer-se a fundo.

Desperdiça desta forma o precioso tempo que poderia esculpir sua felicidade, sua liberdade.

Esquece-se que com sua mente pode ser e criar o que quiser. Basta começar de dentro para fora. Lembrando-se sempre, a cada instante, de vigiar e perseverar o seu querer.