BAFUNGA EM CARUARU – PARTE II
                                                            De: Ysolda Cabral


 
Depois de ficar na berlinda por vários dias, por conta da “farrapada” na bafunga da “Amigo da Onça” e ainda ter levado uma bronca grande de mamãe por me “juntar” com os “maloqueiros” da redondeza, contrariando suas ordens e conselhos; foi me dada outra oportunidade.
 
Os meus irmãos gêmeos – Ilo e Iris – tinham acabado de nascer. Então papai levou a mim e a minha irmã mais velha Yara,   pra casa de minha Tia Olga,  para ficarmos com  ela  até que, mamãe recebesse alta da maternidade.
 
Eu vibrei, pois essa minha tia me adorava - de verdade. – Era ela quem, muitas vezes, me defendia das palmadas de papai, só porque eu fugia, pela janela do meu quarto, para brincar na rua com a “maloqueirada”.  - Papai terminou mandando trocar as janelas de todos os quartos de nossa casa por basculantes. – Que coisa!!! (Rsrs).   
 
Bom,  eu  fiquei muito contente mesmo  com a notícia de que iríamos pra casa da  nossa tia, até porque minha irmã só queria saber de estudar e quando se dispunha a brincar comigo só brincava de escolinha. Ela sempre de professora e eu sempre de aluna. - Eu achava aquela brincadeira um saco! Fugia dela, que nem o diabo foge da cruz. Ali estava à oportunidade de brincar daquilo que me viesse na “telha”.
 
Titia morava na Rua Tobias Barreto, principal rua da feira de Caruaru, conhecida também pelo “lindo” nome de Cafundó. Papai nos levou pra lá  na 6ª feira de noite. Ocasião em que, os bancos de feira já estavam armados para o dia seguinte. Alguns já com as mercadorias que seriam comercializadas, cobertas por uma lona bastante grossa.
 
A “bafunga” seria correr 200 metros, em tempo recorde, usando os bancos como pista de corrida, com obstáculo, (as mercadorias). Cada banco tinha aproximadamente dois metros. Eu precisaria correr por cima de 20, no mínimo.  
 
O problema é que alguns além de estarem com os “obstáculos”, tinham  "pernas"   bambas, não se juntavam em alguns pontos. Entre eles havia um espaço de uns 60 cm. para os feirantes circularem.
 
Mas tudo bem...
 
Ao escutar o “grito de guerra”: B A F U N G A!!! Disparei correndo e pulando todos os obstáculos que iam aparecendo na minha frente. Até que, no último instante, resolvi me exibir descendo da “pista” numa cambalhota sensacional...
 
E, tchan, tchan, tchan, tchan...
 
Acordei com o braço esquerdo engessado e no mesmo hospital  que mamãe estava internada com os gêmeos.

A fratura foi tão violenta que me deixou de braço “fraco e torto” pra toda vida.
 
Ai, ai, ai, ai...