Quem conhece Alice ?
 
Pergunta vaga? Certamente. Alguma Alice alguém deve conhecer. Mas eu não pergunto sobre qualquer Alice e sim sobre uma, em particular. Não é a aquela Alice que não mora mais aqui nem a do País das Maravilhas embora algumas pessoas queiram nos convencer que vivemos nele. Também não é o Alice (Cooper) porque a minha Alice é uma mulher especial embora eu também não soubesse da existência dela até agora mas achei o máximo ler sobre ela e não resisto: tenho que apresentá-la para outras pessoas porque é uma mulher fora de série. Se ela vive (ainda não descobri isso, mas até o ano passado vivia) tem hoje ou vai fazer oitenta e um anos.

O nome é Alice Klausz. Sua profissão? Comissária de bordo, popularmente chamada de aeromoça. Em 1989, já aposentada, foi convidada para participar de um vôo à Estação Comandante Ferraz, base brasileira na Antártida. Onze horas de viagem e para comer sanduíches frios, chocolates e torradas. Ficou escandalizada. Onde já se viu levar pessoas para uma das extremidades geladas da Terra servindo comida fria embalada em caixinhas?! Achava que deveria ser servida comida quente e então fez a proposta as autoridades competentes: “Vamos servir café, chá, chocolate com leite, tudo bem quentinho? Proposta recusada. Faltava dinheiro para instalar um forno no avião da Força Aérea. Falta dinheiro para quase tudo neste país, infelizmente.

E o que ela fez? Não sei. Mas fez. Inconformada com a recusa conseguiu tudo de graça e acabou, já aposentada, virando a comissária de bordo oficial dos vôos brasileiros  para a Antártica. E assim ela por quase  vinte anos garantiu comida de qualidade para os vôos polares.

E agora vem o pitoresco: em cada viagem que fez ela colocou  na touca de lã que usava, um broche em forma de  pingüim.E esperava completar o centésimo vôo em dezembro de 2005. E mais não sei porque li isso no Brasil Almanaque de Cultura Popular – todo dia é dia, autoria Elifas Andreato e João Rocha Rodrigues . E mais não sei porque não deu para procurar no Google já que a minha internet sumiu desde ontem. Mas sei que temos algo em comum e mais que tudo foi isso que me chamou a atenção: eu tenho uma coleção de pingüins. 
 
PS - Bem até aqui era ontem e eu não tinha o Google para ampliar minha pesquisa, mas hoje ele está de volta. Então descobri mais coisas sobre Alice (Editha) Klausz, bibliotecônoma por formação, comissária de bordo pelas mãos do destino e que em maio de 2010 caminha para realizar o seu centésimo quadragésimo terceiro vôo no Gordo, o avião da Força Aérea, extremamente desconfortável (seus bancos são colocados na lateral). Os últimos dados que consegui sobre ela ( datados de hoje, 30 de maio) relaciona a série de medalhas de honra ao mérito que recebeu e o Pinguim de Ouro que lhe foi oferecido depois que colocou o seu centésimo broche no velho gorro de lã).

OBs: Não posso deixar de acrescentar aqui este comentário que recebi:



 olá Olímpia, não a conheço, mas estive aqui procurando notícias sobre
a D. Alice Klaus e achei a sua crônica. Sabe, D. Alice foi minha
diretora no curso de comissária quando eu tinha 17 anos, aos 18 ainda
tinha notícias dela, mas hoje, aos 26, nada sei, mas vou procurar
saber. O que posso acrescentar pra sua crônica é que a Dona Alice
sempre foi extremamente rígida, atenciosa, detalhista, amável e cheia
de disciplina. Todos os dias estava lá, sentadinha em sua cadeira, com
maquiagem impecável e sorriso nos lábios! Aprendi muitíssimo com ela e
sou eternamente grata! Nas minhas horas de "recreio" do curso, eu
adorava entrar na sala dela pra conversar. Uma memória de fazer
inveja, e claro, os pinguins! Uma mulher fantástica!!!!! Dona Alice
foi diretora da EWM Aviation Ground School no Rio de Janeiro por
alguns anos, e tb já há alguns se aposentou. Não só eu como todos nõs
da EWM temos orgulho de ter conhecido tal pessoa, sem dúvida foram uns
dos melhores 8 meses da minha vida!
beijinhos a todos e parabéns pela matéria! (Michelle Teixeira)